sexta-feira, 8 de junho de 2012

57 - Livro “Nem Heróis, Nem Vilões”


“Nem Heróis, Nem Vilões”, do jornalista Moacir Assunção, é um estudo sobre a Guerra do Paraguai (1864-1870), publicado recentemente pela Record (2012). Excluindo os agradecimentos, as apresentações, a bibliografia e o índice, são 413 páginas de texto, dividido em 16 capítulos, mais a conclusão, uma cronologia e três entrevistas. Comecei a ler a obra com uma expectativa positiva. Na orelha do livro, o historiador Francisco Doratioto – talvez a maior autoridade sobre o conflito platino – afirma que “Nem Heróis, Nem Vilões” possui uma “redação clara, direta e de leitura agradável” e que “O leitor certamente terá, com este livro, uma leitura prazerosa”. Na Apresentação, o jornalista Fernando Jorge escreve ser o “livro enleante, capaz de magnetizar o leitor da primeira até a última página”, “fruto de longa e cuidadosa pesquisa” e que “é, acima de tudo um livro inovador” “por ser diferente, original”. Infelizmente, “Nem Heróis, Nem Vilões” não atendeu as expectativas. O texto é confuso e muito repetitivo, indicando uma elaboração rápida e uma revisão descuidada. “Nem Heróis, Nem Vilões” não é uma narrativa cronológica da guerra, mas um conjunto de temas sobre ela. O leitor que não conhece minimamente o conflito terá dificuldades e certamente ficará perdido em muitos capítulos. O livro possuiu, no final, uma boa cronologia que pode ajudar a atenuar esse problema, mas o autor poderia ter incluído, no início da obra, um resumo narrativo da guerra em quatro ou cinco páginas, mais abrangente do que os apresentados nos manuais escolares. Alguns erros históricos foram cometidos, como na afirmação, na pág. 80, de que a Guerra da Cisplatina (1825-1828) foi “movida por D. João VI contra o Uruguai”, quando, de fato, ela ocorreu sob D. Pedro I e foi um importante fator que desgastou o seu governo, como, aliás, a Guerra do Paraguai também desgastou o regime do seu filho D. Pedro II. São falhas que podem ser resolvidas em uma nova edição. De toda forma, o livro vale pelas curiosidades que resgata do conflito, ainda que exija cautela com algumas informações. Não espere uma nova narrativa da guerra mais importante que envolveu o Brasil desde a independência. Para isso, leia “Maldita Guerra” de Francisco Doratioto (Companhia das Letras, 2002). E não espere também um Laurentino Gomes.