quarta-feira, 11 de abril de 2012

56 - Esquema de aula: A Ordem Internacional 1895-1914

Pessoal, segue o esquema da aula sobre a Ordem Internacional em 1895-1914


A ORDEM INTERNACIONAL EM 1895-1914: ASPECTOS GERAIS

1. Multipolaridade

Várias grandes potências dividindo o poder de forma assimétrica

■ Europa (supremacia mundial): Grã-Bretanha, Alemanha, França, Rússia, Áustria-Hungria e Itália

■ EUA

■ Japão

Instável equilíbrio do poder: declínio e ascensão das potências

2. Hegemonia britânica no capitalismo global

Financeira, comercial e naval

Industrial (até 1900, quando foi superada pelos EUA e Alemanha)

Imperialista: possuía o maior império colonial da história

Principais colônias:

Índia: “Jóia da Coroa”

Domínios (países de povoamento britânico com autogoverno): Canadá (1867), Austrália (1900) Nova Zelândia (1907) e África do Sul (1910)

1837-1901. Reinado de Vitória (dinastia Hanover)

Era Vitoriana

Apogeu do poder global britânico

Neutralidade na Europa: “Isolamento Esplêndido”

■ Não firmar alianças militares

■ Manter a balança do poder

1901-1910. Reinado de Eduardo VII

Declínio do poder global britânico

Crescente atrito com a Alemanha

Abandono do Isolamento Esplêndido

Tríplice Entente (1907): GB, França e Rússia

1910-1936. Reinado de George V

Primeira Guerra Mundial (1914-1918)

Perda da hegemonia econômica global para os EUA

3. Maior parte da África e da Ásia sob domínio imperialista

4. Papel periférico da América Latina

5. Anarquia internacional

Ausência de um organismo internacional visando a segurança coletiva e a paz mundial

Mas o ideal de uma legislação internacional avançava:

1863. Criação da Cruz Vermelha

Sede em Genebra

Instituição privada criada por Henry Dunant

Ajuda humanitária nas guerras

1864 e 1906. Convenções de Genebra

Acordos internacionais de respeitar e tratar militares feridos

1899 e 1907. Convenções de Haia

Conferências internacionais de paz

Criação da Corte Internacional de Arbitragem (1899): resolução pacífica de conflitos

Princípio da igualdade entre nações (1907): ações do Brasil (Rui Barbosa, a “Águia de Haia”)

Havia também a tradição do Concerto da Europa: cooperação entre as grandes potências européias para solucionar crises internacionais ou dividir territórios.

O fracasso dessa cooperação em 1914 causou a Primeira Guerra Mundial.

TENDÊNCIAS DE ALTERAÇÕES NA ORDEM INTERNACIONAL

1. A ascensão de novas potências

1.1 Alemanha

a) Antecedentes: a unificação alemã (1864-1871)

Por meio de guerras sob a liderança do Reino da Prússia

■ Monarquia conservadora

■ Rei Guilherme I da dinastia Hohenzollern

■ Chanceler (primeiro-ministro) Otto von Bismarck

■ Camada dirigente: os junkers (nobreza militarista)

1870-1871. Guerra Franco-Prussiana

■ Vitória da Prússia

■ Crise na França

– Queda de Napoleão III (Segundo Império)

– Criação da Terceira República (1870-1940): democracia

– Comuna de Paris (março-maio 1871): tentativa de governo revolucionário dos trabalhadores liderado pelas esquerdas. Destruída pela Terceira República

1871, 18 de janeiro. Criação do Império Alemão

O Segundo Reich (1871-1918): uma confederação de Estados alemães com autonomia local

■ Hegemonia da Prússia: poder central (imperador ou kaiser), controle do Exército e da diplomacia

Monarquia constitucional autoritária

■ Imperador e chanceler independentes do Parlamento (Reichstag)

■ Elite dirigente: junkers (domínio do Exército) e grande burguesia (domínio do capital)

■ Sufrágio universal masculino

Forte militarismo da elite junker: o Exército era um “Estado dentro do Estado”

1871, 10 maio. Tratado de Frankfurt

Entre Alemanha e França

Encerrou a Guerra Franco-Prussiana

Alemanha anexou a Alsácia-Lorena

França pagaria indenização

Gerou revanchismo francês

b) O reinado de Guilherme I (1871-1888)

Governo de Bismarck, o “Chanceler de Ferro”: apogeu da Era Bismarckiana

A Alemanha virou a maior potência industrial e militar da Europa

Problemas do regime:

■ O impacto da modernização

– Forças tradicionais (monarquia, junkers) ameaçadas pelas forças da mudança (industrialização capitalista)

– Ascensão do movimento trabalhista, democrático e socialista (1875 fundação do SPD, o Partido Social-Democrata, socialista de linha marxista)

■ Revanchismo francês

■ Desconfianças das outras potências diante do poder alemão

– A Questão Alemã (futuro da Alemanha) virou uma Questão Européia (futuro da Europa com uma Alemanha poderosa)

– O que a Alemanha faria com o seu poder?

– Se conformaria em ser parte de uma ordem européia multipolar?

– Tentaria dominar a Europa?

■ A questão estratégica central dos militares alemães:

– Em caso de guerra, evitar uma luta simultânea em duas frentes: contra a França (oeste ou frente ocidental) e a Rússia (leste ou frente oriental)

– Portanto, a diplomacia alemã precisaria evitar a aliança França-Rússia

A Realpolitik bismarckiana:

■ Realismo político baseado no pragmatismo (considerações práticas) e não na ideologia

■ Objetivos:

– Preservar a monarquia e a unidade alemã

– Política interna: conter os socialistas e democratas

– Política externa: conter e isolar a França

■ Medidas

– Leis Anti-Socialistas: SPD proibido em várias ocasiões entre 1878 e 1888

– Leis trabalhistas: pioneirismo do Welfare State

– Aproximação com a Áustria-Hungria e Rússia

– Imperialismo moderado/marinha pequena para não assustar a GB

– Aplicar o Concerto da Europa tendo a Alemanha como árbitra da diplomacia européia

1873. Liga dos Três Imperadores

A Dreikaiserbund entre os monarcas da Alemanha, Áustria-Hungria e Rússia

Ideal conservador de conter a expansão do radicalismo (republicanismo, democracia, socialismo): tradição da Santa Aliança

Isolamento da França (vista como símbolo do republicanismo democrático)

1882. Tríplice Aliança

Alemanha, Áustria-Hungria e Itália

Voltada contra a França

1884-1885. Conferência de Berlim

Partilha colonial de territórios africanos entre as potências européias

Problema na década de 1880: a crescente rivalidade entre Áustria-Hungria e Rússia nos Bálcãs dissolveu a Liga dos Três Imperadores

1887. Tratado de Resseguro

Entre Alemanha e Rússia

Neutralidade se uma das duas entrasse em guerra com outra potência

Exceção: se a Alemanha atacasse a França ou a Rússia atacasse a Áustria-Hungria

Desafios para a política externa bismarckiana no final da década de 1880:

Evitar a guerra entre a Rússia e a Áustria-Hungria pelos Bálcãs

Manter a neutralidade alemã caso essa guerra estourasse

Bismarck: “Os Bálcãs não valem os ossos de um único granadeiro da Pomerânia.”

c) O reinado de Guilherme II (1888-1918)

Era Guilhermina: reinado mais pessoal

Maior interferência do kaiser nos assuntos do governo

Maior apoio dos junkers e dos industriais com medidas de:

■ Proteção da agricultura nacional (interesses junkers) contra a concorrência do trigo barato importado da Rússia

■ Aumento das compras militares (dinamizando a produção bélica, sobretudo naval) e de busca por mais mercados externos para a indústria nacional

Forte influência do darwinismo social e do nacionalismo germânico

■ Política internacional vista como a luta entre as grandes potências: a mais forte subordina as demais

■ A Alemanha está destinada a liderar a Europa e precisa de “um lugar ao Sol”: um grande império colonial e uma grande marinha de guerra

Almirante Tirpitz: “Sem o poder naval, a influência da Alemanha no mundo será como a de um molusco sem concha.” Isso significa “deixar o mundo para os anglo-saxões (GB e EUA) e para os filhos de Jeová (judeus).”

■ Consolidar a aliança com a Áustria-Hungria: ideal do pangermanismo (cooperação/união dos povos germânicos)

Vantagens da expansão/hegemonia alemã na visão de Guilherme II:

■ Despertaria o patriotismo alemão e uniria o povo no apoio ao regime

■ A construção de uma grande marinha beneficiaria a indústria e gera empregos

■ Ganhos econômicos com as colônias

■ A Grã-Bretanha não conseguiria competir com a Alemanha e buscaria um acordo com ela favorecendo os interesses alemães

■ O apoio da GB e da AH à Alemanha compensaria qualquer aliança eventual entre a França e a Rússia

Problema:

■ Inconsistência e imprevisibilidade do novo kaiser: “Guilherme II é como um navio de guerra a todo vapor e desgovernado que algum dia vai bater em algo e causar uma grande catástrofe” (Edward Grey, Secretário do Exterior da GB)

1890. Demissão de Bismarck

Entre 1890 e 1909 a Alemanha teve 4 chanceleres

Em 1914, o chanceler era Bethmann-Hollweg (1909-1917)

1890. Guilherme II não aceita renovar o Tratado de Resseguro com a Rússia

A Rússia buscou, então, aproximar-se da França

1897. Adoção da Weltpolitik

A política mundial da Alemanha

O “novo rumo” da política externa alemã

■ Construir uma grande marinha

■ Intensificar a expansão colonial

Forte apoio de organizações nacionalistas de massas da direita:

■ Liga Naval, Liga dos Fazendeiros e Liga Pangermânica: ultranacionalistas, antissemitas e antissocialistas

Problemas da Weltpolitik

■ A GB ficou assustada, mas não se curvou à Alemanha

– Corrida armamentista naval anglo-alemã

– GB buscou aproximação com a França e a Rússia

■ Alemanha ficou mais isolada e com sensação de cerco: cercada pela GB, França e Rússia

■ Os gastos com a marinha reduziram os investimentos no exército e nos direitos sociais

■ O SPD continuou crescendo como o principal partido de massas opositor do regime

1.2  EUA

a) Antecedentes

1861-1865. Guerra da Secessão

A União (estados nortistas) derrota os estados sulistas separatistas (Confederação)

Reunificação dos EUA

Abolição da escravidão

1870-1914. Expansão do capitalismo industrial e financeiro

Criação das condições para a expansão do poder continental (hemisférico) e mundial dos EUA

■ Hegemonia no Hemisfério Ocidental (Américas)

■ Hegemonia no Pacífico

b) Os fundamentos ideológicos da política externa americana

A herança do calvinismo (puritanismo):

EUA: a “Terra Prometida” (a “Nova Jerusalém”)

Os americanos: o “povo eleito”

Idéia de possuir um regime político e econômico superior ao do Velho Mundo

■ Modelo para a humanidade: república, democracia, liberdade individual, capitalismo, prosperidade econômica

Doutrina Monroe (1823): “A América para os americanos”

Expansão colonial européia na América vista como uma ameaça à segurança dos EUA

EUA apoiariam a independência das nações latino-americanas

Oposição dos EUA à alianças políticas entre a América Latina e as potências européias

Destino Manifesto (1845)

EUA destinados à expansão territorial no continente americano e, depois de 1870, no Pacífico

Dois impulsos contraditórios da política externa:

Isolacionismo e neutralidade: baseados na idéia da excepcionalidade dos EUA

■ Suas idéias e instituições políticas eram únicas e não poderiam florescer em outras partes do mundo

Internacionalismo e ativismo: baseados na idéia da missão sagrada e civilizadora dos EUA

■ Propagar seu sistema político e econômico pelo mundo (o “evangelho da democracia”)

c) A busca da hegemonia na América Latina e a expansão no Pacífico (1870-1914)

Estratégias americanas na América Latina:

Desafiar e afastar o poder europeu do Caribe

Ideologia da solidariedade hemisférica ou pan-americanismo (cooperação, aliança e integração dos países americanos)

Intervenções militares e protetorados no Caribe, América Central e México

1889-1890. Primeira Conferência Internacional dos Estados Americanos (em Washington)

Organizada pelo Secretário de Estado James Blaine do presidente republicano Benjamin Harrison (1889-1893)

Tentativa de liderança dos EUA

Estabeleceu o Bureau Comercial das Repúblicas Americanas

■ Na Conferência de 1910 (Buenos Aires) o Bureau originou a União Pan-Americana.

■ Na Conferência de 1948 (Bogotá), a União Pan-Americana virou a Organização dos Estados Americanos (OEA) com sede em Washington.

1895. Primeira crise internacional venezuelana

Presidência do democrata Grover Cleveland (1893-1897)

Confronto Venezuela versus Grã-Bretanha: disputas pela fronteira com a Guiana (colônia britânica)

Grã-Bretanha recua, aceita arbitragem internacional e reconhece a preeminência dos EUA na região.

A partir desse episódio, a GB tendeu a se alinhar com os EUA para proteger seus interesses na América Latina

1898. Guerra Hispano-Americana

Presidência do republicano William McKinley (1897-1901)

Causada pelos interesses dos EUA em Cuba (colônia espanhola) e pelo seu envolvimento na Guerra de Independência Cubana (1895-1898)

Derrota da Espanha

EUA tomam as Filipinas (Ásia), Guam (Pacífico) e Porto Rico (Caribe)

Cuba fica independente (protetorado dos EUA)

■ 1898-1902. Ocupação americana de Cuba

■ 1901. Emenda Platt na constituição cubana: EUA tinham o direito de intervenção militar no país (emenda abolida em 1934)

■ 1902. Independência oficial de Cuba

■ 1903. Tratado Cubano-Americano: EUA arrendaram em caráter perpétuo a base militar de Guantánamo (controlada até hoje pelos americanos)

1898. Anexação do Havaí

Pelo presidente McKinley

Num acordo com a República do Havaí: um governo criado por brancos de origem americana que tomaram o poder em 1893 (derrubada da monarquia nativa havaiana)

1899. Divisão colonial das Ilhas Samoa

Entre EUA, Alemanha e GB

1899-1902. Guerra Filipino-Americana

Luta pela independência das Filipinas

Nos governos republicanos de McKinley e de Theodore “Teddy” Roosevelt (1901-1909)

Vitória dos EUA

1901-1909. O Big Stick

Presidência de Theodore Roosevelt

Foi o apelido do Corolário Roosevelt da Doutrina Monroe:

■ Direito de intervenção militar dos EUA no Caribe e América Central para proteger os interesses americanos e manter a ordem

■ Os países em crise de pagamento de dívidas externas teriam suas finanças públicas controladas pelos EUA para evitar a ação militar das potências européias credoras na região

1902-1903. Segunda crise internacional venezuelana

■ Grã-Bretanha, Itália e, principalmente, a Alemanha atacam o litoral da Venezuela em represália pelo não-pagamento de dívidas do governo de Cipriano Castro (1899-1908)

■ Confronto EUA-Alemanha diante da ameaça alemã de invadir a Venezuela

■ A Alemanha recua

■ Por causa dessa crise venezuelana, Roosevelt lançou oficialmente seu corolário em 1904

1903-1904. Intervenção no Panamá

■ EUA incentivam a independência do Panamá (território da Colômbia) para construir e controlar o Canal do Panamá

1904. Tratado Hay-Bunau-Varilla

■ O Panamá concede aos EUA um território para a construção do canal (a Zona do Canal) que ficou sob controle americano em troca de um arrendamento perpétuo

■ O Panamá transformou-se em um protetorado dos EUA

■ O Canal do Panamá foi construído em 1907-1914 e a Zona do Canal virou, na prática, uma colônia americana

1903-1909. Intervenções na República Dominicana, Honduras e Cuba

■ Restaurar a ordem política e a estabilidade financeira local 

1909-1913. Diplomacia do Dólar

Presidente republicano William Taft

Extensão do Corolário Roosevelt

■ Os EUA tinham o direito e obrigação de intervir em qualquer país latino-americano que, em razão de sua instabilidade política e financeira, estivesse ameaçado pelas potências européias

Intervenções na Nicarágua, Honduras e Cuba

1.3 Japão

a) A Era Meiji: o reinado do imperador Mutsuhito (1867-1912)

1868-1889. Revolução Meiji

Modernização capitalista dirigida pelo Estado

Desenvolvimento industrial e fortalecimento militar

1889. Constituição Meiji

■ Modelo prussiano

■ Monarquia constitucional autoritária

Elite dirigente oligárquica e militarista

Expansão na Ásia Oriental e Pacífico: tendência de confronto com a China e com o Ocidente

1894-1895. Primeira Guerra Sino-Japonesa

Disputa com a China pela Coréia (controlada pelos chineses)

Derrota chinesa

Tratado de Shimoneseki (1895)

■ Independência da Coréia (sob crescente influência japonesa)

■ Japão anexa Taiwan e a Península de Liaodong (no norte da China)

1895. Recuo japonês em Liadong

Pressionado pela Rússia, Alemanha e França, o Japão devolve o Liaodong à China

1895-1904. Crescente confronto com a Rússia pelo controle da Coréia e da Manchúria (no norte da China)

1902. Aliança Anglo-Japonesa

Ajuda militar caso um dos dois entrasse em guerra contra mais de uma potência

Contra a Rússia

1904-1905. Guerra Russo-Japonesa

Disputa pela Manchúria e a Coréia

Precipitou a Revolução Russa de 1905

Vitória (difícil) do Japão

Tratado de Portsmouth (1905)

■ Japão virou a potência dominante na Coréia e Manchúria

■ Anexação do sul das ilhas Sakhalin (da Rússia)

1910. Anexação da Coréia

2. A modernização da Rússia

2.1 Aspectos gerais da Rússia em 1900

a) Política interna

Império multiétnico euro-asiático com capital em São Petersburgo

■ Composição étnica: 43% russos e 57% não-russos (ucranianos, poloneses, baltos, finlandeses, turcos da Ásia Central)

■ Os judeus (5 milhões) compunham 4% da população e estavam concentrados na Polônia e Ucrânia

– Havia um forte antissemitismo (não-oficial) e perseguições populares periódicas (pogroms)

O czarismo: monarquia absolutista do czar ou tsar sob a dinastia Romanov

■ Apoiado em uma poderosa burocracia, na nobreza, na Igreja Ortodoxa Russa e no exército

1894-1917. Reinado do czar Nicolau II

b) Política externa

Ambições imperialistas nos Bálcãs, no Oriente Médio e no Extremo Oriente

Busca de uma saída para o Mar Mediterrâneo

Dominar Constantinopla e o Estreito de Dardanelos

Principal alvo: o Império Turco Otomano

Atrito com a Grã-Bretanha e França

Estabelecer Estados aliados nos Bálcãs

O principal era a Sérvia

Ideologia do pan-eslavismo pregando a cooperação entre povos eslavos e de que a Rússia era a protetora desses povos

Atrito com a Áustria-Hungria

Expansão na direção do Golfo Pérsico e do Índico

Principais alvos: Pérsia (Irã) e Afeganistão

Atrito com a Grã-Bretanha: o “Grande Jogo” pelo controle da Ásia Central e do Irã

Expansão no Extremo Oriente (Pacífico Norte)

Principais alvos: China (Manchúria) e Coréia

Atrito com o Japão

b) Economia

A menos desenvolvida das grandes potências da Europa

Capitalismo agrário em rápido processo de modernização (industrialização acelerada)

Forte intervenção estatal

Muitos investimentos estrangeiros (principalmente franceses) e estatais

c) Sociedade

Classe dominante: aristocracia (nobreza) e alta burocracia (grandes funcionários, maioria da nobreza)

Burguesia fraca, dependente do Estado e associada  ao  capital  estrangeiro

Os camponeses (mujiques) eram a maioria da população

Kulaks: camponeses “ricos” (classe média rural)

■ Eram uma importante base de apoio do czarismo

O czar era visto por eles como o seu “pai” e protetor

– Forneciam a maior parte dos recrutas do exército

Classe média urbana em crescimento

Proletariado urbano-industrial também em crescimento e concentrado nas grandes cidades (São Petersburgo e Moscou)

d) A oposição ao czarismo



Liderada pela “intelligentsia”: intelectuais engajados politicamente, em geral da esquerda, sobretudo da classe média (destaque para os estudantes)



■ Consideravam-se representantes dos interesses populares, almejando assumir o poder sob influência de idéias democráticas radicais, socialistas e anarquistas



■ Organizaram partidos políticos ilegais para combater o czarismo e criar um novo regime considerado por eles mais justo e progressista.



Liberais



Queriam reformar o regime (adoção do parlamentarismo, direitos individuais, liberdade política, redução dos impostos) sem desafiar violentamente o czarismo



Fraqueza do movimento liberal:



■ Reflexo da natureza da burguesia (a principal base social de sustentação do liberalismo) na Rússia



■ O empresariado russo era muito dependente do Estado, sem o poder de pressão ou de influência dos seus congêneres da Europa Ocidental



Partido Socialista Revolucionário (SR)



Organização socialista não-marxista, mais influente no meio rural



Enfatizava o papel dos camponeses na derrubada do czarismo e na construção do socialismo



Herdeiro das tradições socialistas dos narodniks (“populistas”)



Forte tradição terrorista: atentados contra as autoridades



Partido Operário Social-Democrata Russo (POSDR)



Organização marxista



Influenciado pela Segunda Internacional



■ Organização de partidos socialistas, destacando-se o SPD, que preconizava a cooperação internacional dos trabalhadores visando à destruição do capitalismo em todo o mundo



Consideravam a Rússia um país muito “atrasado” (agrário), que ainda não estava maduro para o socialismo



Defendiam uma revolução “democrática burguesa” liderada pelo proletariado com apoio dos camponeses e de setores democráticos da burguesia



Criar primeiro uma república favorável ao desenvolvimento do capitalismo industrial com reformas sociais (distribuição de terras, leis trabalhistas) para depois construir um regime socialista avançado 



1903. Divisão do POSDR em duas facções:



Mencheviques



– Queriam um partido de base operária mais ampla, frouxa e descentralizada possível



Bolcheviques



– Organizados e liderados por Lênin



Queriam um partido mais centralizado dirigido por um grupo pequeno e disciplinado de revolucionários profissionais – uma elite revolucionária vista como a “vanguarda do proletariado”.



Em 1912 formaram um partido separado que originou o Partido Comunista (1918)



2.2 A Revolução de 1905



a) Introdução



A Revolução de 1905 foi o primeiro levante das massas urbanas contra o czarismo



Ela inaugurou a Era das Revoluções do século XX



Antes da Primeira Guerra Mundial, as revoluções, em geral sob forte influência do nacionalismo, ocorreram em países atrasados em processo de modernização e tinham como objetivo criar regimes democráticos constitucionais



1905. Revolução Russa



1905-1907. Revolução Persa



1908. Revolução dos Jovens Turcos



1910. Revolução Mexicana



1911. Revolução Chinesa



A partir da Primeira Guerra Mundial, as idéias socialistas, combinadas com o nacionalismo, passaram a ter uma maior influência na maioria das revoluções do século XX



b) Motivos



Crescente tensão social e instabilidade política em 1900-1904



Greves operárias



Confrontos entre opositores e a polícia



Aumento de atentados terroristas



Derrota da Rússia na Guerra Russo-Japonesa (1904-1905)



Deixou o governo de Nicolau II enfraquecido



Agravou os problemas econômicos



c) Destaques


 


22 de janeiro. Domingo Sangrento (9 de janeiro no antigo calendário russo)


 


Na capital São Petersburgo


 


Guardas do Palácio de Inverno atiram numa multidão de manifestantes liderados pelo padre Gapon


 


Precipitou uma onda de agitações populares contra o czarismo, iniciando a Revolução de 1905.




27 de junho. Motim do Encouraçado Potemkin em Odessa



5 de setembro. Tratado de Portsmouth: acordo de paz com o Japão



Outubro-novembro. Apogeu da revolução



20 de outubro. Uma greve de ferroviários vira greve geral, a primeira da história russa



Os liberais organizaram o Partido Constitucional-Democrático (Kadet): defesa de uma monarquia parlamentar



Nas cidades surgiram sovietes (“conselhos” revolucionários de trabalhadores), agindo inicialmente como comitês para dirigir as greves



26 de outubro. Criação do Soviete de São Petersburgo: governo revolucionário



Sob o controle dos sociais-democratas, principalmente dos mencheviques



30 de outubro. Manifesto de Outubro de Nicolau II



Promessa de constituição, legislativo eleito e liberdades civis



O Manifesto dividiu o movimento revolucionário



Os moderados, sobretudo os Kadets, aceitaram as concessões



Fundação do Partido Outubrista (a União de Outubro) por setores da burguesia e da nobreza de linha conservadora-liberal, em apoio às promessas do imperador



Novembro. A revolução popular perdeu força



Os ferroviários voltaram ao trabalho, os amotinados depuseram as armas e a greve geral foi encerrada



Mas a maior parte da esquerda recusou o Manifesto e tentou levar adiante a revolução (criar uma república democrática favorável aos trabalhadores)



Liderado por Trotski (membro independente do Partido Social-Democrata), o soviete de São Petersburgo preparou um levante armado e uma nova greve geral



O soviete de Moscou (controlado pelos bolcheviques) tentou fazer o mesmo



Fracasso da revolução soviética. Motivos:



Ausência de uma grande rebelião (motim) do exército, cujas tropas continuaram apoiando o czar



Agitação operária em refluxo



Falta de apoio decisivo dos camponeses



Em novembro-dezembro. O governo dissolve os sovietes de São Petersburgo e de Moscou e prende seus líderes.



d) Conseqüências e significado da Revolução de 1905



Criação de uma constituição (Leis Fundamentais) e de um Parlamento (Duma)



Mas a monarquia continuou autoritária:



A Duma tinha pouco poder



O czar escolhia o primeiro-ministro, que era independente da Duma



Para os marxistas, 1905 foi uma revolução “democrático-burguesa” limitada



■ Iniciada pelos trabalhadores, mas que a burguesia (liberais), devido a sua fraqueza, não conseguiu concluir



■ Mas a revolução serviu de experiência porque:



Mostrou os limites da burguesia e do liberalismo russo em democratizar o regime



Mostrou a necessidade de uma aliança mais sólida entre o operariado e os camponeses



Criou a experiência dos sovietes



Deixou clara a fraqueza do regime em uma guerra contra uma potência mais bem-equipada



■ Mais tarde, a Revolução de 1905 foi considerada pelos marxistas um “ensaio geral da Revolução de 1917”