A ORDEM INTERNACIONAL EM 1895-1914: ASPECTOS GERAIS
1. Multipolaridade
Várias grandes potências dividindo o poder de forma assimétrica
■ Europa (supremacia mundial): Grã-Bretanha, Alemanha, França, Rússia, Áustria-Hungria e Itália
■ EUA
■ Japão
Instável equilíbrio do poder: declínio e ascensão das potências
2. Hegemonia britânica no capitalismo global
Financeira, comercial e naval
Industrial (até 1900, quando foi superada pelos EUA e Alemanha)
Imperialista: possuía o maior império colonial da história
Principais colônias:
■ Índia: “Jóia da Coroa”
■ Domínios (países de povoamento britânico com autogoverno): Canadá (1867), Austrália (1900) Nova Zelândia (1907) e África do Sul (1910)
1837-1901. Reinado de Vitória (dinastia Hanover)
Era Vitoriana
Apogeu do poder global britânico
Neutralidade na Europa: “Isolamento Esplêndido”
■ Não firmar alianças militares
■ Manter a balança do poder
1901-1910. Reinado de Eduardo VII
Declínio do poder global britânico
Crescente atrito com a Alemanha
Abandono do Isolamento Esplêndido
Tríplice Entente (1907): GB, França e Rússia
1910-1936. Reinado de George V
Primeira Guerra Mundial (1914-1918)
Perda da hegemonia econômica global para os EUA
3. Maior parte da África e da Ásia sob domínio imperialista
4. Papel periférico da América Latina
5. Anarquia internacional
Ausência de um organismo internacional visando a segurança coletiva e a paz mundial
Mas o ideal de uma legislação internacional avançava:
■ 1863. Criação da Cruz Vermelha
– Sede em Genebra
– Instituição privada criada por Henry Dunant
– Ajuda humanitária nas guerras
■ 1864 e 1906. Convenções de Genebra
– Acordos internacionais de respeitar e tratar militares feridos
■ 1899 e 1907. Convenções de Haia
– Conferências internacionais de paz
– Criação da Corte Internacional de Arbitragem (1899): resolução pacífica de conflitos
– Princípio da igualdade entre nações (1907): ações do Brasil (Rui Barbosa, a “Águia de Haia”)
Havia também a tradição do Concerto da Europa: cooperação entre as grandes potências européias para solucionar crises internacionais ou dividir territórios.
O fracasso dessa cooperação em 1914 causou a Primeira Guerra Mundial.
TENDÊNCIAS DE ALTERAÇÕES NA ORDEM INTERNACIONAL
1. A ascensão de novas potências
1.1 Alemanha
a) Antecedentes: a unificação alemã (1864-1871)
Por meio de guerras sob a liderança do Reino da Prússia
■ Monarquia conservadora
■ Rei Guilherme I da dinastia Hohenzollern
■ Chanceler (primeiro-ministro) Otto von Bismarck
■ Camada dirigente: os junkers (nobreza militarista)
1870-1871. Guerra Franco-Prussiana
■ Vitória da Prússia
■ Crise na França
– Queda de Napoleão III (Segundo Império)
– Criação da Terceira República (1870-1940): democracia
– Comuna de Paris (março-maio 1871): tentativa de governo revolucionário dos trabalhadores liderado pelas esquerdas. Destruída pela Terceira República
1871, 18 de janeiro. Criação do Império Alemão
O Segundo Reich (1871-1918): uma confederação de Estados alemães com autonomia local
■ Hegemonia da Prússia: poder central (imperador ou kaiser), controle do Exército e da diplomacia
Monarquia constitucional autoritária
■ Imperador e chanceler independentes do Parlamento (Reichstag)
■ Elite dirigente: junkers (domínio do Exército) e grande burguesia (domínio do capital)
■ Sufrágio universal masculino
Forte militarismo da elite junker: o Exército era um “Estado dentro do Estado”
1871, 10 maio. Tratado de Frankfurt
Entre Alemanha e França
Encerrou a Guerra Franco-Prussiana
Alemanha anexou a Alsácia-Lorena
França pagaria indenização
Gerou revanchismo francês
b) O reinado de Guilherme I (1871-1888)
Governo de Bismarck, o “Chanceler de Ferro”: apogeu da Era Bismarckiana
A Alemanha virou a maior potência industrial e militar da Europa
Problemas do regime:
■ O impacto da modernização
– Forças tradicionais (monarquia, junkers) ameaçadas pelas forças da mudança (industrialização capitalista)
– Ascensão do movimento trabalhista, democrático e socialista (1875 fundação do SPD, o Partido Social-Democrata, socialista de linha marxista)
■ Revanchismo francês
■ Desconfianças das outras potências diante do poder alemão
– A Questão Alemã (futuro da Alemanha) virou uma Questão Européia (futuro da Europa com uma Alemanha poderosa)
– O que a Alemanha faria com o seu poder?
– Se conformaria em ser parte de uma ordem européia multipolar?
– Tentaria dominar a Europa?
■ A questão estratégica central dos militares alemães:
– Em caso de guerra, evitar uma luta simultânea em duas frentes: contra a França (oeste ou frente ocidental) e a Rússia (leste ou frente oriental)
– Portanto, a diplomacia alemã precisaria evitar a aliança França-Rússia
A Realpolitik bismarckiana:
■ Realismo político baseado no pragmatismo (considerações práticas) e não na ideologia
■ Objetivos:
– Preservar a monarquia e a unidade alemã
– Política interna: conter os socialistas e democratas
– Política externa: conter e isolar a França
■ Medidas
– Leis Anti-Socialistas: SPD proibido em várias ocasiões entre 1878 e 1888
– Leis trabalhistas: pioneirismo do Welfare State
– Aproximação com a Áustria-Hungria e Rússia
– Imperialismo moderado/marinha pequena para não assustar a GB
– Aplicar o Concerto da Europa tendo a Alemanha como árbitra da diplomacia européia
1873. Liga dos Três Imperadores
A Dreikaiserbund entre os monarcas da Alemanha, Áustria-Hungria e Rússia
Ideal conservador de conter a expansão do radicalismo (republicanismo, democracia, socialismo): tradição da Santa Aliança
Isolamento da França (vista como símbolo do republicanismo democrático)
1882. Tríplice Aliança
Alemanha, Áustria-Hungria e Itália
Voltada contra a França
1884-1885. Conferência de Berlim
Partilha colonial de territórios africanos entre as potências européias
Problema na década de 1880: a crescente rivalidade entre Áustria-Hungria e Rússia nos Bálcãs dissolveu a Liga dos Três Imperadores
1887. Tratado de Resseguro
Entre Alemanha e Rússia
Neutralidade se uma das duas entrasse em guerra com outra potência
Exceção: se a Alemanha atacasse a França ou a Rússia atacasse a Áustria-Hungria
Desafios para a política externa bismarckiana no final da década de 1880:
Evitar a guerra entre a Rússia e a Áustria-Hungria pelos Bálcãs
Manter a neutralidade alemã caso essa guerra estourasse
Bismarck: “Os Bálcãs não valem os ossos de um único granadeiro da Pomerânia.”
c) O reinado de Guilherme II (1888-1918)
Era Guilhermina: reinado mais pessoal
Maior interferência do kaiser nos assuntos do governo
Maior apoio dos junkers e dos industriais com medidas de:
■ Proteção da agricultura nacional (interesses junkers) contra a concorrência do trigo barato importado da Rússia
■ Aumento das compras militares (dinamizando a produção bélica, sobretudo naval) e de busca por mais mercados externos para a indústria nacional
Forte influência do darwinismo social e do nacionalismo germânico
■ Política internacional vista como a luta entre as grandes potências: a mais forte subordina as demais
■ A Alemanha está destinada a liderar a Europa e precisa de “um lugar ao Sol”: um grande império colonial e uma grande marinha de guerra
– Almirante Tirpitz: “Sem o poder naval, a influência da Alemanha no mundo será como a de um molusco sem concha.” Isso significa “deixar o mundo para os anglo-saxões (GB e EUA) e para os filhos de Jeová (judeus).”
■ Consolidar a aliança com a Áustria-Hungria: ideal do pangermanismo (cooperação/união dos povos germânicos)
Vantagens da expansão/hegemonia alemã na visão de Guilherme II:
■ Despertaria o patriotismo alemão e uniria o povo no apoio ao regime
■ A construção de uma grande marinha beneficiaria a indústria e gera empregos
■ Ganhos econômicos com as colônias
■ A Grã-Bretanha não conseguiria competir com a Alemanha e buscaria um acordo com ela favorecendo os interesses alemães
■ O apoio da GB e da AH à Alemanha compensaria qualquer aliança eventual entre a França e a Rússia
Problema:
■ Inconsistência e imprevisibilidade do novo kaiser: “Guilherme II é como um navio de guerra a todo vapor e desgovernado que algum dia vai bater em algo e causar uma grande catástrofe” (Edward Grey, Secretário do Exterior da GB)
1890. Demissão de Bismarck
Entre 1890 e 1909 a Alemanha teve 4 chanceleres
Em 1914, o chanceler era Bethmann-Hollweg (1909-1917)
1890. Guilherme II não aceita renovar o Tratado de Resseguro com a Rússia
A Rússia buscou, então, aproximar-se da França
1897. Adoção da Weltpolitik
A política mundial da Alemanha
O “novo rumo” da política externa alemã
■ Construir uma grande marinha
■ Intensificar a expansão colonial
Forte apoio de organizações nacionalistas de massas da direita:
■ Liga Naval, Liga dos Fazendeiros e Liga Pangermânica: ultranacionalistas, antissemitas e antissocialistas
Problemas da Weltpolitik
■ A GB ficou assustada, mas não se curvou à Alemanha
– Corrida armamentista naval anglo-alemã
– GB buscou aproximação com a França e a Rússia
■ Alemanha ficou mais isolada e com sensação de cerco: cercada pela GB, França e Rússia
■ Os gastos com a marinha reduziram os investimentos no exército e nos direitos sociais
■ O SPD continuou crescendo como o principal partido de massas opositor do regime
1.2 EUA
a) Antecedentes
1861-1865. Guerra da Secessão
A União (estados nortistas) derrota os estados sulistas separatistas (Confederação)
Reunificação dos EUA
Abolição da escravidão
1870-1914. Expansão do capitalismo industrial e financeiro
Criação das condições para a expansão do poder continental (hemisférico) e mundial dos EUA
■ Hegemonia no Hemisfério Ocidental (Américas)
■ Hegemonia no Pacífico
b) Os fundamentos ideológicos da política externa americana
A herança do calvinismo (puritanismo):
EUA: a “Terra Prometida” (a “Nova Jerusalém”)
Os americanos: o “povo eleito”
Idéia de possuir um regime político e econômico superior ao do Velho Mundo
■ Modelo para a humanidade: república, democracia, liberdade individual, capitalismo, prosperidade econômica
Doutrina Monroe (1823): “A América para os americanos”
Expansão colonial européia na América vista como uma ameaça à segurança dos EUA
EUA apoiariam a independência das nações latino-americanas
Oposição dos EUA à alianças políticas entre a América Latina e as potências européias
Destino Manifesto (1845)
EUA destinados à expansão territorial no continente americano e, depois de 1870, no Pacífico
Dois impulsos contraditórios da política externa:
Isolacionismo e neutralidade: baseados na idéia da excepcionalidade dos EUA
■ Suas idéias e instituições políticas eram únicas e não poderiam florescer em outras partes do mundo
Internacionalismo e ativismo: baseados na idéia da missão sagrada e civilizadora dos EUA
■ Propagar seu sistema político e econômico pelo mundo (o “evangelho da democracia”)
c) A busca da hegemonia na América Latina e a expansão no Pacífico (1870-1914)
Estratégias americanas na América Latina:
Desafiar e afastar o poder europeu do Caribe
Ideologia da solidariedade hemisférica ou pan-americanismo (cooperação, aliança e integração dos países americanos)
Intervenções militares e protetorados no Caribe, América Central e México
1889-1890. Primeira Conferência Internacional dos Estados Americanos (em Washington)
Organizada pelo Secretário de Estado James Blaine do presidente republicano Benjamin Harrison (1889-1893)
Tentativa de liderança dos EUA
Estabeleceu o Bureau Comercial das Repúblicas Americanas
■ Na Conferência de 1910 (Buenos Aires) o Bureau originou a União Pan-Americana.
■ Na Conferência de 1948 (Bogotá), a União Pan-Americana virou a Organização dos Estados Americanos (OEA) com sede em Washington.
1895. Primeira crise internacional venezuelana
Presidência do democrata Grover Cleveland (1893-1897)
Confronto Venezuela versus Grã-Bretanha: disputas pela fronteira com a Guiana (colônia britânica)
Grã-Bretanha recua, aceita arbitragem internacional e reconhece a preeminência dos EUA na região.
A partir desse episódio, a GB tendeu a se alinhar com os EUA para proteger seus interesses na América Latina
1898. Guerra Hispano-Americana
Presidência do republicano William McKinley (1897-1901)
Causada pelos interesses dos EUA em Cuba (colônia espanhola) e pelo seu envolvimento na Guerra de Independência Cubana (1895-1898)
Derrota da Espanha
EUA tomam as Filipinas (Ásia), Guam (Pacífico) e Porto Rico (Caribe)
Cuba fica independente (protetorado dos EUA)
■ 1898-1902. Ocupação americana de Cuba
■ 1901. Emenda Platt na constituição cubana: EUA tinham o direito de intervenção militar no país (emenda abolida em 1934)
■ 1902. Independência oficial de Cuba
■ 1903. Tratado Cubano-Americano: EUA arrendaram em caráter perpétuo a base militar de Guantánamo (controlada até hoje pelos americanos)
1898. Anexação do Havaí
Pelo presidente McKinley
Num acordo com a República do Havaí: um governo criado por brancos de origem americana que tomaram o poder em 1893 (derrubada da monarquia nativa havaiana)
1899. Divisão colonial das Ilhas Samoa
Entre EUA, Alemanha e GB
1899-1902. Guerra Filipino-Americana
Luta pela independência das Filipinas
Nos governos republicanos de McKinley e de Theodore “Teddy” Roosevelt (1901-1909)
Vitória dos EUA
1901-1909. O Big Stick
Presidência de Theodore Roosevelt
Foi o apelido do Corolário Roosevelt da Doutrina Monroe:
■ Direito de intervenção militar dos EUA no Caribe e América Central para proteger os interesses americanos e manter a ordem
■ Os países em crise de pagamento de dívidas externas teriam suas finanças públicas controladas pelos EUA para evitar a ação militar das potências européias credoras na região
1902-1903. Segunda crise internacional venezuelana
■ Grã-Bretanha, Itália e, principalmente, a Alemanha atacam o litoral da Venezuela em represália pelo não-pagamento de dívidas do governo de Cipriano Castro (1899-1908)
■ Confronto EUA-Alemanha diante da ameaça alemã de invadir a Venezuela
■ A Alemanha recua
■ Por causa dessa crise venezuelana, Roosevelt lançou oficialmente seu corolário em 1904
1903-1904. Intervenção no Panamá
■ EUA incentivam a independência do Panamá (território da Colômbia) para construir e controlar o Canal do Panamá
1904. Tratado Hay-Bunau-Varilla
■ O Panamá concede aos EUA um território para a construção do canal (a Zona do Canal) que ficou sob controle americano em troca de um arrendamento perpétuo
■ O Panamá transformou-se em um protetorado dos EUA
■ O Canal do Panamá foi construído em 1907-1914 e a Zona do Canal virou, na prática, uma colônia americana
1903-1909. Intervenções na República Dominicana, Honduras e Cuba
■ Restaurar a ordem política e a estabilidade financeira local
1909-1913. Diplomacia do Dólar
Presidente republicano William Taft
Extensão do Corolário Roosevelt
■ Os EUA tinham o direito e obrigação de intervir em qualquer país latino-americano que, em razão de sua instabilidade política e financeira, estivesse ameaçado pelas potências européias
Intervenções na Nicarágua, Honduras e Cuba
1.3 Japão
a) A Era Meiji: o reinado do imperador Mutsuhito (1867-1912)
1868-1889. Revolução Meiji
Modernização capitalista dirigida pelo Estado
Desenvolvimento industrial e fortalecimento militar
1889. Constituição Meiji
■ Modelo prussiano
■ Monarquia constitucional autoritária
Elite dirigente oligárquica e militarista
Expansão na Ásia Oriental e Pacífico: tendência de confronto com a China e com o Ocidente
1894-1895. Primeira Guerra Sino-Japonesa
Disputa com a China pela Coréia (controlada pelos chineses)
Derrota chinesa
Tratado de Shimoneseki (1895)
■ Independência da Coréia (sob crescente influência japonesa)
■ Japão anexa Taiwan e a Península de Liaodong (no norte da China)
1895. Recuo japonês em Liadong
Pressionado pela Rússia, Alemanha e França, o Japão devolve o Liaodong à China
1895-1904. Crescente confronto com a Rússia pelo controle da Coréia e da Manchúria (no norte da China)
1902. Aliança Anglo-Japonesa
Ajuda militar caso um dos dois entrasse em guerra contra mais de uma potência
Contra a Rússia
1904-1905. Guerra Russo-Japonesa
Disputa pela Manchúria e a Coréia
Precipitou a Revolução Russa de 1905
Vitória (difícil) do Japão
Tratado de Portsmouth (1905)
■ Japão virou a potência dominante na Coréia e Manchúria
■ Anexação do sul das ilhas Sakhalin (da Rússia)
1910. Anexação da Coréia
2. A modernização da Rússia
2.1 Aspectos gerais da Rússia em 1900
a) Política interna
Império multiétnico euro-asiático com capital em São Petersburgo
■ Composição étnica: 43% russos e 57% não-russos (ucranianos, poloneses, baltos, finlandeses, turcos da Ásia Central)
■ Os judeus (5 milhões) compunham 4% da população e estavam concentrados na Polônia e Ucrânia
– Havia um forte antissemitismo (não-oficial) e perseguições populares periódicas (pogroms)
O czarismo: monarquia absolutista do czar ou tsar sob a dinastia Romanov
■ Apoiado em uma poderosa burocracia, na nobreza, na Igreja Ortodoxa Russa e no exército
■ 1894-1917. Reinado do czar Nicolau II
b) Política externa
Ambições imperialistas nos Bálcãs, no Oriente Médio e no Extremo Oriente
Busca de uma saída para o Mar Mediterrâneo
■ Dominar Constantinopla e o Estreito de Dardanelos
■ Principal alvo: o Império Turco Otomano
■ Atrito com a Grã-Bretanha e França
Estabelecer Estados aliados nos Bálcãs
■ O principal era a Sérvia
■ Ideologia do pan-eslavismo pregando a cooperação entre povos eslavos e de que a Rússia era a protetora desses povos
■ Atrito com a Áustria-Hungria
Expansão na direção do Golfo Pérsico e do Índico
■ Principais alvos: Pérsia (Irã) e Afeganistão
■ Atrito com a Grã-Bretanha: o “Grande Jogo” pelo controle da Ásia Central e do Irã
Expansão no Extremo Oriente (Pacífico Norte)
■ Principais alvos: China (Manchúria) e Coréia
■ Atrito com o Japão
b) Economia
A menos desenvolvida das grandes potências da Europa
Capitalismo agrário em rápido processo de modernização (industrialização acelerada)
Forte intervenção estatal
Muitos investimentos estrangeiros (principalmente franceses) e estatais
c) Sociedade
Classe dominante: aristocracia (nobreza) e alta burocracia (grandes funcionários, maioria da nobreza)
Burguesia fraca, dependente do Estado e associada ao capital estrangeiro
Os camponeses (mujiques) eram a maioria da população
■ Kulaks: camponeses “ricos” (classe média rural)
■ Eram uma importante base de apoio do czarismo
– O czar era visto por eles como o seu “pai” e protetor
– Forneciam a maior parte dos recrutas do exército
Classe média urbana em crescimento
Proletariado urbano-industrial também em crescimento e concentrado nas grandes cidades (São Petersburgo e Moscou)
d) A oposição ao czarismo
Liderada pela “intelligentsia”: intelectuais engajados politicamente, em geral da esquerda, sobretudo da classe média (destaque para os estudantes)
■ Consideravam-se representantes dos interesses populares, almejando assumir o poder sob influência de idéias democráticas radicais, socialistas e anarquistas
■ Organizaram partidos políticos ilegais para combater o czarismo e criar um novo regime considerado por eles mais justo e progressista.
Liberais
Queriam reformar o regime (adoção do parlamentarismo, direitos individuais, liberdade política, redução dos impostos) sem desafiar violentamente o czarismo
Fraqueza do movimento liberal:
■ Reflexo da natureza da burguesia (a principal base social de sustentação do liberalismo) na Rússia
■ O empresariado russo era muito dependente do Estado, sem o poder de pressão ou de influência dos seus congêneres da Europa Ocidental
Partido Socialista Revolucionário (SR)
Organização socialista não-marxista, mais influente no meio rural
Enfatizava o papel dos camponeses na derrubada do czarismo e na construção do socialismo
Herdeiro das tradições socialistas dos narodniks (“populistas”)
Forte tradição terrorista: atentados contra as autoridades
Partido Operário Social-Democrata Russo (POSDR)
Organização marxista
Influenciado pela Segunda Internacional
■ Organização de partidos socialistas, destacando-se o SPD, que preconizava a cooperação internacional dos trabalhadores visando à destruição do capitalismo em todo o mundo
Consideravam a Rússia um país muito “atrasado” (agrário), que ainda não estava maduro para o socialismo
Defendiam uma revolução “democrática burguesa” liderada pelo proletariado com apoio dos camponeses e de setores democráticos da burguesia
Criar primeiro uma república favorável ao desenvolvimento do capitalismo industrial com reformas sociais (distribuição de terras, leis trabalhistas) para depois construir um regime socialista avançado
1903. Divisão do POSDR em duas facções:
■ Mencheviques
– Queriam um partido de base operária mais ampla, frouxa e descentralizada possível
■ Bolcheviques
– Organizados e liderados por Lênin
– Queriam um partido mais centralizado dirigido por um grupo pequeno e disciplinado de revolucionários profissionais – uma elite revolucionária vista como a “vanguarda do proletariado”.
– Em 1912 formaram um partido separado que originou o Partido Comunista (1918)
2.2 A Revolução de 1905
a) Introdução
A Revolução de 1905 foi o primeiro levante das massas urbanas contra o czarismo
Ela inaugurou a Era das Revoluções do século XX
Antes da Primeira Guerra Mundial, as revoluções, em geral sob forte influência do nacionalismo, ocorreram em países atrasados em processo de modernização e tinham como objetivo criar regimes democráticos constitucionais
1905. Revolução Russa
1905-1907. Revolução Persa
1908. Revolução dos Jovens Turcos
1910. Revolução Mexicana
1911. Revolução Chinesa
A partir da Primeira Guerra Mundial, as idéias socialistas, combinadas com o nacionalismo, passaram a ter uma maior influência na maioria das revoluções do século XX
b) Motivos
Crescente tensão social e instabilidade política em 1900-1904
Greves operárias
Confrontos entre opositores e a polícia
Aumento de atentados terroristas
Derrota da Rússia na Guerra Russo-Japonesa (1904-1905)
Deixou o governo de Nicolau II enfraquecido
Agravou os problemas econômicos
c) Destaques
22 de janeiro. Domingo Sangrento (9 de janeiro no antigo calendário russo)
Na capital São Petersburgo
Guardas do Palácio de Inverno atiram numa multidão de manifestantes liderados pelo padre Gapon
Precipitou uma onda de agitações populares contra o czarismo, iniciando a Revolução de 1905.
27 de junho. Motim do Encouraçado Potemkin em Odessa
5 de setembro. Tratado de Portsmouth: acordo de paz com o Japão
Outubro-novembro. Apogeu da revolução
20 de outubro. Uma greve de ferroviários vira greve geral, a primeira da história russa
Os liberais organizaram o Partido Constitucional-Democrático (Kadet): defesa de uma monarquia parlamentar
Nas cidades surgiram sovietes (“conselhos” revolucionários de trabalhadores), agindo inicialmente como comitês para dirigir as greves
26 de outubro. Criação do Soviete de São Petersburgo: governo revolucionário
Sob o controle dos sociais-democratas, principalmente dos mencheviques
30 de outubro. Manifesto de Outubro de Nicolau II
Promessa de constituição, legislativo eleito e liberdades civis
O Manifesto dividiu o movimento revolucionário
Os moderados, sobretudo os Kadets, aceitaram as concessões
Fundação do Partido Outubrista (a União de Outubro) por setores da burguesia e da nobreza de linha conservadora-liberal, em apoio às promessas do imperador
Novembro. A revolução popular perdeu força
Os ferroviários voltaram ao trabalho, os amotinados depuseram as armas e a greve geral foi encerrada
Mas a maior parte da esquerda recusou o Manifesto e tentou levar adiante a revolução (criar uma república democrática favorável aos trabalhadores)
Liderado por Trotski (membro independente do Partido Social-Democrata), o soviete de São Petersburgo preparou um levante armado e uma nova greve geral
O soviete de Moscou (controlado pelos bolcheviques) tentou fazer o mesmo
Fracasso da revolução soviética. Motivos:
Ausência de uma grande rebelião (motim) do exército, cujas tropas continuaram apoiando o czar
Agitação operária em refluxo
Falta de apoio decisivo dos camponeses
Em novembro-dezembro. O governo dissolve os sovietes de São Petersburgo e de Moscou e prende seus líderes.
d) Conseqüências e significado da Revolução de 1905
Criação de uma constituição (Leis Fundamentais) e de um Parlamento (Duma)
■ Mas a monarquia continuou autoritária:
■ A Duma tinha pouco poder
■ O czar escolhia o primeiro-ministro, que era independente da Duma
Para os marxistas, 1905 foi uma revolução “democrático-burguesa” limitada
■ Iniciada pelos trabalhadores, mas que a burguesia (liberais), devido a sua fraqueza, não conseguiu concluir
■ Mas a revolução serviu de experiência porque:
– Mostrou os limites da burguesia e do liberalismo russo em democratizar o regime
– Mostrou a necessidade de uma aliança mais sólida entre o operariado e os camponeses
– Criou a experiência dos sovietes
– Deixou clara a fraqueza do regime em uma guerra contra uma potência mais bem-equipada
■ Mais tarde, a Revolução de 1905 foi considerada pelos marxistas um “ensaio geral da Revolução de 1917”
Um comentário:
Muito inteligente seu esquema de aula, este ano vou me preparar pro enem, e este post vai me ajudar muito! Obrigado!
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