sexta-feira, 20 de novembro de 2015

103 - O Estado Islâmico é islâmico sim

O ESTADO ISLÂMICO É ISLÂMICO SIM

A primeira coisa que os chamados líderes moderados do maometismo (islamismo) e os intelectuais, os políticos e a mídia politicamente correta do Ocidente dizem quando ocorre um atentado terrorista praticado por maometanos (muçulmanos) radicais é que esses terroristas não são de fato islâmicos, que não seguem o verdadeiro islamismo, que os seus atos não têm respaldo no Alcorão e que seriam condenados por Maomé. O Islã, afirmam os muçulmanos "moderados", é uma religião da paz e tolerância. O terrorismo islâmico é resultado de uma leitura distorcida do Alcorão, insistem.

Acontece que existem sim diversos versículos nos capítulos (suras) do Alcorão que respaldam as ações do Estado Islâmico e de outras organizações revolucionárias praticantes do jihadismo (luta armada maometana), como a Al-Qaeda e os grupos do movimento talibã. O Novo Testamento, que contém a essência da doutrina cristã, também é objeto de controvérsias teológicas e de várias interpretações (basta lembrar a cisão entre católicos e protestantes e entre os próprios protestantes), mas não há nessa coleção de livros a defesa da violência como aparece tão frequentemente no Alcorão. Além disso, o Novo Testamento é considerado pelos cristãos um livro escrito por homens inspirados por Deus, com trechos que reproduzem as palavras de Jesus, a encarnação de Deus. Mesmo divinamente inspirados, esses homens estavam sujeitos a erros ou incompreensão da mensagem original. O Alcorão, por sua vez, é considerado pelos maometanos (muçulmanos) a reprodução literal das palavras de Deus transmitidas a Maomé, seu mensageiro, por intermédio do anjo Gabriel. Ali estão contidas as ordens diretas de Deus, segundo o islamismo. E entre essas ordens ou orientações está a defesa da violência contra não muçulmanos de uma forma disseminada que não existe no Novo Testamento. É difícil sustentar que o conteúdo desses textos alcorânicos precisa ser analisado de forma relativa ou que precisam ser contextualizados. Eles podem sim justificar a violência do terrorismo islâmico contra não muçulmanos e contra os próprios muçulmanos. 

Veja abaixo os versículos que justificam essa violência. Eles foram retirados da aclamada tradução do Alcorão feita diretamente do árabe por Mansour Challita (Editora Associação Internacional Gibran, sem data). Entre parênteses aparece o número do capítulo ou sura, seguido do versículo:

1. O ALCORÃO, A PALAVRA DE DEUS

Revelamos-te o Livro com a verdade para que julgues entre os homens conforme o que Deus te mostrou. Mas não sejas para os pérfidos um defensor. (4: 105)

Enviamos-lhes um Livro sabiamente elucidado: uma orientação e uma misericórdia para os crentes. (7: 52)

É uma blasfêmia atribuir este Alcorão a outro que não a Deus. Ele é a confirmação do que o precedeu e a elucidação do Livro incontestável do Senhor dos mundos. (10: 37)

Procuraria eu um árbitro fora de Deus quando é Ele que vos revelou o Livro com todos os detalhes? Aqueles a quem revelamos o Livro sabem que ele emana de teu Senhor, com a verdade. Não sejas, pois, um dos que duvidam. (5: 114)

Perfeitas são as palavras de teu Senhor, na justiça e na verdade. Ninguém as pode modificar. Ele ouve tudo e sabe tudo. (5: 115)

Será que não meditam sobre o Alcorão? Se não fosse enviado por Deus, encontrariam nele muitas contradições. (4: 82)

E obedecei a Deus e obedecei ao Mensageiro e acautela-vos. Se virardes as costas e vos afastardes, sabei que a Nosso Mensageiro só incumbe transmitir claramente a mensagem. (5: 92)

2. O CONVÍVIO COM OS NÃO MUÇULMANOS

Ó vós que credes, não tomeis por aliados os judeus e os cristãos. Que sejam aliados uns dos outros. Quem de vós os tomar por aliados é deles. Deus não guia os iníquos. (5: 51)

Ó vós que credes, não adoteis por amigos os que, tendo recebido o Livro antes de vós, tratam vossa religião de divertimento e objeto de escárnio, e não adoteis por amigos os descrentes. E temei a Deus se sois crentes. (5: 57)

Desejariam que fôsseis descrentes como eles: então todos seríeis iguais. Não tomeis amigos dentre eles até que emigrem para Deus. Se virarem as costas e se afastarem, capturai-os e matai-os onde quer que os acheis. E não tomeis nenhum deles por confidente ou aliado. (4: 89)

Aqueles que preferem a amizade dos descrentes à dos crentes, que esperam? A grandeza? Toda grandeza pertence a Deus. (4: 139)

Ó vós que credes, não prefirais a amizade dos descrentes à dos crentes. Quereis dar a Deus uma prova pública contra vós? (4: 144)

Deus vos recomendou no Livro de não vos sentardes com os que conversam de Suas revelações, rejeitando-as e desrespeitando-as até que mudem de assunto. Se o fizerdes, sereis como eles. Deus juntará na Geena [Inferno] os hipócritas e os descrentes. (4: 140)

3. A GUERRA SANTA E O TRATAMENTO AOS NÃO MUÇULMANOS

Combate, pois, pela causa de Deus. És responsável apenas por ti mesmo. E exorta os crente. Queira Deus  conter a força dos descrentes! Deus é mais forte e o mais rigoroso no castigo. (4:84)

Esses versículos, em especial, condenam os muçulmanos moderados ou acomodados e justificam a militância violenta dos jihadistas: Não há igualdade entre os crentes que permanecem em casa, sem serem inválidos, e os que combatem e arriscam bens e vida a serviço de Deus. Deus eleva os que lutam por Ele com seus bens e sua vida um grau acima dos outros. A todos, Deus promete excelente recompensa, mas conferirá aos combatentes paga superior à dos que permanecem em casa. (4: 95). Ó vós que credes, que vos sucede quando vos dizem: "Parti ao combate pela causa de Deus" e vós permaneceis imóveis como pegados à terra? Preferis a vida terrena ao Além? Os gozos da vida terrena são insignificantes comparados com os gozos do Além (9: 38). Se não combaterdes, Deus vos imporá um castigo doloroso e vos substituirá por outros, e em nada vós O prejudicareis. Deus tem o poder sobre tudo. (9: 39).

Ó vós que credes, temei a Deus e procurai aproximar-vos d'Ele e lutai pela Sua causa. E possais vencer. (5: 35)

Ó vós que credes, quando encontrardes os descrentes prontos para a guerra, não lhes volteis as costas. (8: 15). Quem lhes voltar as costas - a menos que seja por estratagema ou para juntar-se a outro grupo - incorrerá na ira de Deus, e sua morada será a Geena [Inferno] (8: 16). Na realidade, não foste vós que o matastes: foi Deus quem os matou; e não foste tu que atiraste as flechas quando atirastes: foi Deus quem aturou. Fê-lo para conferir aos crentes um justo benefício. Ele ouve tudo e sabe tudo. (8: 17) Este versículo justifica atentados terroristas como tendo sido guiados pela mão de Deus.

O castigo dos que fazem a guerra a Deus e a seu Mensageiro e semeiam a corrupção na terra é serem mortos ou crucificados ou terem as mãos e os pés decepados, alternadamente, ou serem exilados do país: uma desonra neste mundo e um suplício no Além (5: 33) Este versículo justifica as atrocidades cometidas pelo Estado Islâmico sobre os prisioneiros não muçulmanos.

Dize aos descrentes que, se se emendarem, o passado ser-lhes-á perdoado. E se reicindirem, que contemplem o exemplo dos antigos! Deus os observa. (8: 38). E combatei-os até que não haja mais idolatria e que a religião pertença exclusivamente a Deus. Se desistirem, Deus observa o que fazem. (8: 39)

4. MATAR MUÇULMANOS

Não pode um crente matar outro crente, a não ser por engano (4: 92). Quem matar um crente com premeditação, seu castigo será a Geena [Inferno] onde permanecerá para todo o sempre, e a cólera de Deus, e a Sua maldição, e um terrível suplício (4: 93). A morte de muçulmanos por outros muçulmanos pode ser justificada como acidental ("baixas colaterais", "fogo amigo"). Mas os jihadistas podem também dizer que os muçulmanos mortos não eram verdadeiros muçulmanos, que eram apóstatas ou traidores do islamismo.



segunda-feira, 16 de novembro de 2015

102 - Waging The War on ‘Terror,’ Vichy-style

Waging The War on ‘Terror,’ Vichy-style
by Victor Davis Hanson // National Review Online

A few hours before the catastrophic attack in Paris, President Obama had announced that ISIS was now “contained,” a recalibration of his earlier assessments of “on the run” and “Jayvees” from a few years back. In the hours following the attack of jihadist suicide bombers and mass murderers in Paris, the Western press talked of the “scourge of terrorism” and “extremist violence”. Who were these terrorists and generic extremists who slaughtered the innocent in Paris — anti-abortionists, Klansmen, Tea-party zealots?
Middle Eastern websites may be crowing over the jihadist rampage and promising more to come, but this past week in the United States we were obsessed over a yuppie son of a multi-millionaire showboating his pseudo-grievances by means of a psychodramatic hunger strike at the University of Missouri and a crowd of cry-baby would-be fascists at Yale bullying a wimpy teacher over supposedly hurtful Halloween costumes. I guess that is the contemporary American version of Verdun and the Battle of the Bulge.
This sickness in the West manifests itself in a variety of creepy ways — to hide bothersome reality by inventing euphemisms and idiocies likely “workplace violence” and “largely secular,” jailing a “right-wing” video maker rather than focusing on jihadist killers in Benghazi, deifying a grade-school poseur inventor who repackaged a Radio Shack clock and wound up winning an invitation to the White House, straining credibility in Cairo to fabricate unappreciated Islamic genius. Are these the symptoms of a post-Christian therapeutic society whose affluence and leisure fool it into thinking that it has such a huge margin of security that it can boast of its ‘tolerance’ and empathy — at the small cost of a few anonymous and unfortunate civilians sacrificed from time to time? Is deterrence a waning asset that has now been exhausted after seven years of Obama administration apologetics and contextualizations?
Our premodern enemies have certainly got our postmodern number. Newsmen compete to warn us not of more jihadists to come or the nature of the Islamist hatred that fuels these murderers, but instead fret about Western “backlash” on the horizon, about how nativists and right-wingers may now “scapegoat” immigrants. Being blown apart may be one thing, but appearing illiberal over the flying body parts is quite another. Let’s hurry up and close Guantanamo Bay so that it will stop “breeding” terrorists; and let’s hurry up even more to restart the “peace talks” to remind ISIS that we are nice to the Palestinians.
Hundreds of thousands flock to Europe not in gratitude at its hospitality but largely contemptuous of those who would be so naive to extend their hospitality to those who hate them. Barack Obama recently called global warming our greatest threat; Al Gore — recently enriched by selling a TV station to carbon-exporting Persian Gulf kleptocrats — is in Paris in Old Testament mode finger-pointing at our existential enemy — carbon. John Kerry, hours before the Paris attacks, announced that the days of ISIS “are numbered.” Angela Merkel welcomes hundreds of thousands of young male Muslims into Europe, and the more they arrive with anything but appreciation for their hosts, the more Westerners can assuage their guilt by turning the other cheek and announcing their progressive fides.
To preserve our sense of progressive utopianism, we seem willing to offer up a few hundred innocents each year to radical Islam. The slaughter might cease in a few years if we were to name our enemies as radical Muslims and make them aware that it could well be suicidal for their cause to kill a Westerner — or at least remind the Islamic world in general that it is a rare privilege to migrate to the West, given that immigration demands civic responsibilities as well as rights and subsidies, and is predicated on legality rather than the power of the stampede. But then to do that we would no longer be Westerners as we now define ourselves.​


101 - WHY THE PARIS MASSACRE WILL HAVE LIMITED IMPACT

WHY THE PARIS MASSACRE WILL HAVE LIMITED IMPACT
by Daniel Pipes

NATIONAL REVIEW ONLINE
November 14, 2015

The murder of some 127 innocents in Paris by a jihadi gang on Friday has again shocked the French and led to another round of solidarity, soul searching, and anger. In the end, however, Islamist violence against Westerners boils down to two questions: How much will this latest atrocity turn public opinion? And how much will it further spur the Establishment to deny reality?
As these questions suggest, the people and the professionals are moving in opposite directions, the former to the right, the latter to the left. In the end, this clash much reduces the impact of such events on policy.
Public opinion moves against Islamists specifically and Islam more generally when the number of deaths is large enough. America's three thousand dead on 9/11 stands out as by far the largest mortality but many other countries have had their equivalent – the Bali bombings for Australia, the railroad bombing for Spain, the Beslan school massacre for Russia, the transportation bombings for Britain.
Sheer numbers are not the only consideration. Other factors can multiply the impact of an assault, making it almost the political equivalent of mass carnage: (1) The renown of those attacked, such as Theo van Gogh in the Netherlands and the Charlie Hebdo office in France. (2) The professional status of the victim, such as soldiers or police. (3) High-profile circumstances, such as the Boston Marathon bombing.
In addition to the over 27,000 attacks globally connected to Islam since 9/11, or more than 5 per day (as counted by TheReligionOfPeace.com), a huge increase in illegal immigration from the Middle East recently exacerbated feelings of vulnerability and fear. It's a one-way street, with not a single soul ever heard to announce, "I used to worry about Islamism but I don't any more."
These cases make more Westerners worried about Islam and related topics from the building of minarets to female infibulation. Overall, a relentless march rightwards is underway. Surveys of European attitudes show 60 to 70 percent of voters expressing these concerns. Populist individuals like Geert Wilders of the Netherlands and parties like the Sweden Democrats are surging in the polls.
But when it comes to the Establishment – politicians, the police, the press, and the professors – the unrelenting violence has a contrary effect. Those charged with interpreting the attacks live in a bubble of public denial (what they say privately is another matter) in which they feel compelled to pretend that Islam has no role in the violence, out of concern that to recognize it would cause even more problems.
These 4-P professionals bald-facedly feign belief in a mysterious "violent extremist" virus that seems to afflict only Muslims, prompting them to engage in random acts of barbaric violence. Of the many preposterous statements by politicians, my all-time favorite is what Howard Dean, the former governor of Vermont, said about the Charlie Hebdo jihadis: "They're about as Muslim as I am."
This defiance of common sense has survived each atrocity and I predict that it will also outlast the Paris massacre. Only a truly massive loss of life, perhaps in the hundreds of thousands, will force the professionals to back off their deeply ingrained pattern of denying an Islamic component in the spate of attacks.
That pattern has the very consequential effect of shutting out the fears of ordinary voters, whose views thereby have negligible impact on policy. Worries about Shari'arape gangsexotic diseases, and bloodbaths are dismissed with charges of "racism" and "Islamophobia," as though name-calling addresses these real issues.
More surprising yet, the professionals respond to the public's move to the right by themselves moving to the left, encouraging more immigration from the Middle East, instituting more "hate speech" codes to suppress criticism of Islam, and providing more patronage to Islamists. This pattern affects not just Establishment figures of the Left but more strikingly also of the Right (such as Angela Merkel of Germany); only Eastern European leaders such as Hungary's Viktor Orbán permit themselves to speak honestly about the real problems.

Eventually, to be sure, voters' views will make themselves heard, but decades later and more weakly than democratically should have been the case.
Placing the murderous rampage in Paris into this context: it will likely move public sentiments substantially in one direction and Establishment policies in quite the opposite way, therefore ultimately having only a limited impact.

Mr. Pipes (DanielPipes.org@DanielPipes) is president of the Middle East Forum. © 2015 by Daniel Pipes. All rights reserved.


100 - Europe and Islam

EUROPE AND ISLAM

No European democracy has the perfect way to handle Islam

Nov 15th 2015, 16:02 BY ERASMUS in the economist

EUROPE'S democracies are standing united in the face of the nihilist terror which struck the heart of the continent on November 13th. With no fear, this time, of alienating patriotic voters, David Cameron managed a few words of French as he expressed his solidarity with the French people.
Even before the latest attacks, it was clear that the leading governments of Europe faced broadly the same dilemma. Within the large and growing Muslim communities which every European state now hosts, a minority is attracted by the cause of violent extremism, at home or abroad. The challenge is to keep that minority small and make sure that the rest of society, including the rising generation of Muslims, plays its part in this.
But in their approaches to this problem, European states have always had differences, often robust ones. At least in pre-9/11 days, French security chiefs used to refer scathingly to "Londonistan" because of the British capital's willingness to harbour Islamist opponents of secular regimes, like the one which usurped power in Algeria. 
There are differences of ideology as well as practice. Like America, only a bit more so, the French republic has a specific set of founding principles and it expects all citizens to accept them, however diverse they may be in other respects. It is agreed that one of the purposes of universal education is to inculcate those ideals. That is in sharp contrast with the British ideal of multiculturalism. To French eyes, it seems that Britain has been too lax in allowing immigrant sub-cultures, like the Asian Muslim enclaves of northern England. The existence of British schools (whether private or within the state system) where the ethos is that of ultra-conservative Islam can seem astonishing to observers from France, or from other European states where education is more centralised.
Britain now acknowledges that multiculturalism has gone too far, especially in education, but in a country that lacks a written constitution, there is uncertainty over what common denominator citizens and schoolchildren should be asked to accept. Whatever answer is found, it will not as demanding as the French approach. In Britain, the decade-old French law that bars headscarves from schools seems like an infringement of liberty. When Jack Straw, the former foreign secretary, said he preferred Muslim visitors to his office not to wear full face-veils, he was denounced as grossly insensitive by fellow Labour politicians. That sentiment is still widespread.
Not only is each European country different, each one is changing at a different pace and in a different direction. In contrast with secular France, post-war Germany has always had a lot of religious education, Protestant and Catholic, in its school system. Now there is increasing provision for Islam; what will happen after the arrival of more than a million refugees, mostly Muslim, is anybody's guess. The Netherlands used to be generously multicultural but a sharp reaction set in after the murder of Theo van Gogh, a film-maker, by a Muslim fanatic in 2004, and the effects are still palpable.
The hard truth is that no European country has found the ideal balance between accepting diversity (which is the natural impulse of a liberal democratic state) and demanding adherence to a common set of values. That is because no perfect balance exists.
France has done its collective best to offer Muslim citizens a hard secularist bargain: accept the ideals of the republic, which include the religious neutrality of the state, and you will be as free to practice your religion as any Catholic, Protestant or Jew. It has more-or-less successfully imposed that bargain on the organisations which speak for Islam in France. But inevitably, there are those who reject it. For the great majority of French citizens of Muslim heritage, the republic's offer is probably acceptable. But if only 1% of young French Muslims radically reject it that is easily enough to provide terrorist movements with ample recruits.
Exactly the same applies to the somewhat different bargains that every other European state is offering. There is no ideal solution, but we still have to keep looking for one.


99 - What to call Islamic Sate

 WHAT TO CALL ISLAMIC STATE

Nov 15th 2015, 23:53 BY THE ECONOMIST

HOURS AFTER France and America pledged to ramp up the war against Islamic State (IS) in response to attacks in Paris that killed 129 and wounded more than 350, French warplanes began pounding the group’s stronghold in Raqqa, in north-eastern Syria. The operation was conducted in co-ordination with American forces. The French and Americans seemed to be unified over the name they are using for this terrorist scourge, too. Announcing strikes, the French defence ministry referred to a target “used by Daish as a command post”. Barack Obama used the same term when he spoke, at a G20 leaders’ summit in Turkey, of redoubling efforts “to bring about a peaceful transition in Syria and to eliminate Daish as a force that can create so much pain and suffering for people in Paris, in Ankara, and in other parts of the globe.” John Kerry, the American secretary of state, also called IS Daish during a meeting in Vienna. The group has variously been dubbed ISIS, ISIL, IS and SIC too. Why the alphabet soup?
Part of the reason is that the group has evolved over time, changing its own name. It started as a small but viciously effective part of the Sunni resistance to America’s 2003 invasion of Iraq, calling itself al-Qaeda in Iraq, or AQI. In 2007, following the death of its founder (and criticism from al-Qaeda for being too bloodthirsty), AQI rebranded itself the Islamic State in Iraq, or ISI. It suffered setbacks on its home turf, but as Syria descended into civil war in 2011 ISI spotted an opportunity. By 2013 it had inserted itself into eastern Syria and adopted a new name to match: the Islamic State in Iraq and Syria (ISIS). Increasing the confusion, ISIS changed its name yet again in June 2014, declaring itself the State of the Islamic Caliphate (SIC), a title that reflects its ambitions to rule over Muslims everywhere.
Translation presents another opportunity for acronyms to flourish. In its earlier incarnation as ISIS, the group had sought to challenge "colonialist" borders by using an old Arab geographical term—al-Sham—that applies either to the Syrian capital, Damascus, or to the wider region of the Levant; hence the official American preference for calling it Islamic State of Iraq and the Levant, or ISIL, rather than ISIS. The Arabic for this, al-Dawla al-Islamiya fil ’Iraq wal-Sham, can be abbreviated to Daish, just as the Palestinian group Hamas (which means "zeal") is an acronym for Harakat al-Muqawama al-Islamiya, or Islamic Resistance Movement. Daish is the name that has widely stuck among Arabs, although the group’s own members call it simply the State, al-Dawla, for short, and threaten with lashes those who use Daish. (Daish and Daesh are one and the same acronym in Arabic, merely transliterated differently for the Roman script.)
There is a long history of pinning unpleasant-sounding names on unpleasant people. Rather as the term Nazi caught on in English partly because of its resonance with words such as "nasty", Daish rolls pleasurably off Arab tongues as a close cousin of words meaning to stomp, crush, smash into, or scrub. Picking up on this, France has officially adopted the term for government use; its foreign minister, Laurent Fabius, has explained that Daish has the added advantage of not granting the group the dignity of being called a state. Ban Ki-moon, the UN Secretary General, has cast similar aspersions, denouncing the group as a “Non-Islamic Non-State”. Rather than obediently adopting the acronym NINS, this newspaper has chosen for the time being to continue calling the group simply Islamic State (IS).

quarta-feira, 4 de novembro de 2015

98 - CONTEÚDO DA PROVA DA 5 ETAPA

CONTEÚDO DA PROVA DA 5 ETAPA

BRASIL: REGIME MILITAR

GERAL: SEGUNDA GUERRA MUNDIAL

- alianças
- guerra europeia e guerra asiática
- política de apaziguamento anglo-francesa
- Conferência de Munique
- Pacto Germano-soviético
- Início da guerra europeia e da guerra asiática
- 1940. Derrota e divisão da França
- 1941. Entrada da URSS e dos EUA na guerra
- 1945. O final da guerra na Europa e na Ásia

OBS: Ver a prova do ENEM 2009 (cancelada)

http://guiadoestudante.abril.com.br/prova_enem_1dia.pdf




domingo, 20 de setembro de 2015

97 - Roteiro de estudo

ROTEIRO DE ESTUDO HISTÓRIA 3 ANO 4 ETAPA

HISTÓRIA DO BRASIL - PROF. MÁRCIO NUNES

O ESTADO NOVO
O GOVERNO VARGAS DE 1951-1954
A CRISE DE 1954
GOVERNO JK

FONTES DE ESTUDO

CADERNO/APOSTILA 2  CAP. 14 e 15
LIVRO 3 CAP. 7 e 12

HISTÓRIA GERAL - PROF. CÁSSIO TUNES

ITÁLIA:
- A ASCENSÃO DO FASCISMO

PORTUGAL:
- FORMAÇÃO E QUEDA DO ESTADO NOVO

ESPANHA:
- A GUERRA CIVIL E  SUA INTERNACIONALIZAÇÃO

ALEMANHA:
- FORMAÇÃO E ASCENSÃO DO NAZISMO
- A INSTALAÇÃO DA DITADURA HITLERISTA E SUA CONSOLIDAÇÃO
- O RACISMO NAZISTA

FONTES DE ESTUDO

CADERNO/APOSTILA 2  CAP. 13

LIVRO 3 CAP. 5

sábado, 22 de agosto de 2015

96 - Comunismo e nazismo

Um ex-aluno meu do Leonardo da Vinci, Carlos Vitral, me enviou uma mensagem pedindo para ajudá-lo em algumas dúvidas sobre a relação entre comunismo e nazismo, em especial se o nazismo surgiu do comunismo ou se o movimento nazista poderia ser classificado como esquerdista. Acabei me empolgando na resposta, reproduzida abaixo:


A relação do nazismo com o socialismo e sua classificação como um movimento de extrema direita ou como uma vertente da esquerda é interminável. Não dá para detalhar aqui mas é possível algumas observações: (1) o socialismo, como ideologia, defende a criação de uma sociedade considerada mais justa e favorável aos trabalhadores, baseada em princípios de coletivismo econômico e igualitarismo social; (2) a ideologia socialista moderna começou a ser formada no final do século XVIII, durante a Revolução Francesa (que não foi uma revolução socialista), e avançou na primeira metade do século XIX, dividido em diversas correntes que interpretaram de maneira diferente os princípios coletivitas e igualitários (algumas reivindicando a abolição da propriedade privada, outras a sua redistribuição, outras a intervenção governamental no capitalismo por meio do estabelecimento de direitos sociais e proteção aos trabalhadores sem eliminar o sistema capitalista); (3) essas primeiras correntes socialistas foram chamadas pelos marxistas de "socialismo utópico", ao passo que o socialismo ou comunismo defendido por Marx e Engels, elaborado por ambos na década de 1840, ficou conhecido como "socialismo científico" ou socialismo marxista; (4) o socialismo marxista afirma ser a ideologia de classe do proletariado, acredita numa permanente e inevitável luta de classes entre o proletariado e a burguesia no capitalismo e defende criar uma sociedade sem propriedade privada e sem classes por meio de uma revolução operária internacional anticapitalista; (5) esse socialismo marxista avançou na segunda metade do século XIX e passou a predominar no interior dos movimentos socialistas a partir do início do século XX, sendo o mais famoso deles o Partido Social-Democrata Alemão (a social democracia clássica de base operária); (6) nas primeiras décadas do século XX, emergiu na Rússia uma versão mais radical e revolucionária do socialismo marxista, associada ao pensamento de Lênin e do seu Partido Bolchevique, que acabou identificado ao comunismo; (7) as outras versões do socialismo não marxista ("socialismo utópico") não desapareceram no início do século XX, ainda que tenham ficado marginalizadas; (8) ideias não marxistas consideradas socialistas pelos seus seguidores continuaram existindo com concepções diferentes de coletivismo e de igualitarismo social daquelas defendidas, por exemplo, pelo comunismo; (9) o nazismo é, fundamentalmente, a versão alemã (e austríaca) do fascismo e, como tal, é caracterizado pelo nacionalismo extremista, antiliberalismo e antimarxismo, acrescentado do racismo; (10) o nacionalismo extremista nazifascista reivindica regenerar e fortalecer a nação por meio da união e colaboração de classes, razão de rejeitar o comunismo/marxismo (que prega a luta de classes e o internacionalismo revolucionário); (11) o nazifascismo não rejeita o capitalismo mas defende uma forte intervenção estatal na economia e a criação de leis trabalhistas e direitos sociais, ideias também defendidas por algumas correntes socialistas; (12) o comunismo e o nazifascismo concordam sim em alguns pontos: ambos rejeitam o liberalismo (direitos naturais do indivíduo, pluripartidarismo, tolerância ideológica, não intervenção estatal na economia), defendem ditaduras monopartidárias coletivistas (um em nome do proletariado, outro em nome da nação), têm pretensão de engenharia social (um criando uma sociedade sem classes, outro unindo as classes) e acreditam numa luta "darwinista social" de coletividades (um na luta de classes, outro na luta de nações); (13) no entanto, comunismo e nazifascismo estão em polos opostos, o primeiro mais a esquerda (por possuir um programa social mais igualitário, que pretende eliminar as classes) e o outro mais a direita (por possuir um programa social mais conservador, que não elimina as classes); (14) o nazifascismo não nasceu do comunismo mas incorporou algumas ideias socialistas reformistas não marxistas, justificando o termo "nacional-socialismo", adotado também para atrair os trabalhadores; (15) o Partido Nacional Socialista dos Trabalhadores Alemãs (NSDAP) ou Partido Nazista, era composto por várias correntes, algumas mais a esquerda outras mais a direita, sendo que a mais esquerda ou socialista delas foi eliminada por Hitler em junho de 1934, no episódio conhecido como "Noite das Longas Facas".

domingo, 9 de agosto de 2015

95 - O nazismo contra o modernismo

Perseguição nazista à arte: o modernismo como arte “degenerada”

Exposição Arte Degenerada, organizada em Munique, em 1937, foi a maior campanha contra o modernismo. Nazistas queriam desmoralizar arte moderna e substituí-la por uma arte oficial, que espalhasse o ideal de força e pureza alemã, acentua Yeda Arouche

Por: Márcia Junges

Na entrevista a seguir, concedida por e-mail à IHU On-Line por Yeda Arouche, é discutido o uso que os nazistas fizeram da arte, bem como as censuras que impuseram aos modernistas, sobretudo expressionistas, através da desqualificação de suas obras. “O tom satírico e de exprobração, além da constante exposição das mazelas sociais alemãs da época, terminam por irritar as autoridades que passaram a perseguir os expressionistas e, também, os demais modernistas, classificando-os como degenerados”, explica Arouche. Segundo ela, “em 1927, Alfred Rosenberg, principal teórico do nacional-socialismo, inspirado em Nordaus, publica vários ensaios acusando a livre e subjetiva estética moderna de desequilíbrio e de alienação, iniciando um processo de massificação dessa idéia. No ano seguinte, o arquiteto e teórico Paul Schultze-Naumburg  edita seu livro Arte e raça, no qual – usando a força da linguagem visual – apresentava um paralelismo entre imagens de enfermos e desequilibrados mentais com as pinturas modernistas, a fim de imputar degeneração à arte. Em 1929, Rosenberg funda a Liga de Combate pela Cultura Germânica”. Estava montado o pano de fundo sobre o qual os nazistas desqualificariam a arte expressionista equiparando-a ao conceito de degenerada. Infelizmente, não apenas o nazismo usou a arte para atender seus fins: “Por diversas vezes, a arte esteve envolvida, de uma forma ou de outra, com um ou outro tipo de poder, principalmente, os totalitários”, lamenta Arouche.

Carioca, bacharel em Comunicação Social, habilitada em Relações Públicas, Publicidade e Propaganda, também bacharel em Comunicação Visual, pela Escola de Belas Artes da Universidade Federal do Rio de Janeiro (1980), Arouche priorizou, inicialmente, suas atividades profissionais na área da editoração e produção gráfico-visual, quando paralelamente, trabalhou com estamparia têxtil, desenvolvendo arte para serigrafia. A partir de 2005, retoma as artes plásticas, freqüentando cursos livres de pintura e de história da arte. Dedica-se, também, a estudar e a manter um blog sobre arte (yedaarouche.arteblog.con.br). Em 2008, no Museu Nacional de Belas Artes, cursou Análise da Forma do Estilo/Valores Plásticos das Artes Visuais. Prepara-se para reingressar na Escola de Belas Artes, a fim de sedimentar conhecimentos no campo das artes visuais, destacando pintura.

IHU On-Line - De forma geral, que fatores propiciaram o surgimento de uma arte rompida com a escola acadêmica?
Yeda Arouche - A Revolução Industrial, em meados do século XVIII, foi um grande marco da humanidade, causando mudanças críticas em todos os campos: declínio do feudalismo, espaço para o capitalismo, bens de produção mudando de mãos, reconfiguração de classes sociais, formação da massa de assalariados, reorganização urbana, crescimento populacional, desenvolvimento tecnológico etc. No século seguinte, o processo, iniciado na Inglaterra, já se encontrava espalhado. Havia uma nova ordem, novos pensadores e novas teorias para explicar o novo mundo. Na segunda metade do século XIX, as rígidas tradições da Academia começam a estremecer. Segundo Ferreira Gullar,  quando, em 1874, na França, os impressionistas “rompem com toda e qualquer representação alegórica da realidade, eles de fato operam no campo da arte, a ruptura que já se dera no nível da vida prática”.

IHU On-Line - O que era o expressionismo, como surgiu e como demonstrou a situação sócio-político-econômica na Alemanha?

Yeda Arouche -
Aponta-se o norueguês Edvard Munch como um dos precursores do expressionismo. Foi influenciado pelo trabalho pós-impressionista de Van Gogh  e de Gauguin.  Do primeiro, veio a carga emocional, e, do segundo, o tratamento achatado das figuras, as cores e a ausência de sombras. Para Munch, uma obra de arte só poderia nascer do interior do homem: “as imagens que ficam do lado de trás dos olhos”. No ano de 1892, Munch repercutiu grandemente na Alemanha, após sua primeira exposição em Berlim. A obra "O grito" (1893), com sua personagem encarnando a própria angústia, é considerada emblemática.

O expressionismo alemão
O expressionismo sedimentou-se na Alemanha, no início do século XX. Seus adeptos criticavam o impressionismo por não aceitarem sensações visuais dando origem à representação. Para o expressionista, o artista deveria lidar com a subjetividade, com os impulsos e com as paixões, fazendo crítica social e tocando em dramas psicológicos. Logo, a simples observação/imitação do mundo exterior havia perdido o valor, enquanto que o sentimento é que seria o notável. O simbolismo, também pode ser apontado como fonte em que bebeu o expressionismo pela possibilidade do uso do onírico.

Inicialmente, dois grupos foram formados. O primeiro foi o Die brücke (A ponte), criado em 1905. Contava com Otto Muller, Emil Nolde  e Ernst Ludwig Kirchner,  dentre outros. Trabalhavam com o cotidiano e com as obsessões. Apresentavam pinceladas vigorosas, deformações no traço e com cores fortes e contrastantes. O segundo núcleo, com postura mais intelectualizada, surgiu em 1911 – o Der Blaue Reiter (O cavaleiro azul) – e contava, entre seus adeptos, com Franz Marc,  Paul Klee  e Wassily Kandinsky.  O grupo apresentava uma variedade de formas, sem nenhum compromisso com um “particular estilo pictórico”, conforme ilustrou Kandinsky. Tanto A ponte quanto O cavaleiro azul se desfizeram antes da Primeira Guerra Mundial. As idéias expressionistas produziram grandes ecos, acabando por se estender para outras manifestações artísticas como a música, a dança, a literatura, o cinema e as artes gráficas.

A crise econômica que se propagou na Alemanha de 1918, ao final da guerra, provocou um caos. Sob falências, alta inflação e desemprego em massa, o país vivia uma sucessão de fracassos. A instabilidade e a falta de perspectivas muito contribuíram para que as idéias do nazismo acabassem por triunfar, em 1933, com a ascensão de Hitler.

Mazelas sociais expostas na arte
O expressionismo, em 1923, contou com uma nova formação: o Neue sachlichkeit (Nova objetividade), que recusava tendências abstracionistas. Em 1925, o grupo realiza uma exposição, em Munique, mostrando a decadente sociedade alemã. Assumindo postura muito mais politizada que seus antecessores mantiveram-se na crítica social e incluíram temas antibelicistas e preocupações com o cenário evolutivo para a centralização do poder e conseqüente fortalecimento do Estado. 
Otto Dix  e George Grosz  foram expoentes dessa terceira geração de expressionistas. Ambos vão abraçar certas temáticas como a hipócrita burguesia alemã, os horrores da guerra e os socialmente rejeitados. É interessante observar as obras “Prague street”(1920), “Metropolis” (1928) e “The seven cardinal sins” (1933), todas de Dix; e “Street scene” (1925), “The pillars of society” (1926) e “Berlin street” (1934), de Grosz.

O tom satírico e de exprobração, além da constante exposição das mazelas sociais alemãs da época, terminam por irritar as autoridades que passaram a perseguir os expressionistas e, também, os demais modernistas, classificando-os como degenerados.

IHU On-Line - Quais são as origens da idéia do “degenerado”?
Yeda Arouche - Na década de 1920, o modernismo faz renascer velhas discussões em torno do estilo artístico versus qualidade racial, com a finalidade de confirmar a arte naturalista alemã do século XIX, como nobre representante da estirpe ariana. Anteriormente, em 1829, Max Nordaus  já havia feito analogia entre a degeneração patológica com a decadência que imputava à arte dos simbolistas, para defender a espiritualmente saudável e superior cultura alemã. Isso terá desdobramentos futuros.

Em 1927, Alfred Rosenberg,  principal teórico do nacional-socialismo, inspirado em Nordaus, publica vários ensaios acusando a livre e subjetiva estética moderna de desequilíbrio e de alienação, iniciando um processo de massificação dessa idéia. No ano seguinte, o arquiteto e teórico Paul Schultze-Naumburg edita seu livro Arte e raça, no qual – usando a força da linguagem visual – apresentava um paralelismo entre imagens de enfermos e desequilibrados mentais com as pinturas modernistas, a fim de imputar degeneração à arte. Em 1929, Rosenberg funda a Liga de Combate pela Cultura Germânica. Ao cenário que se vem arquitetando, somam-se idéias políticas sobre indesejáveis influências, tanto capitalistas como comunistas, sobre a arte.

Quando Adolf Hitler chegou ao poder, em 1933, o modernismo já estava definitivamente ligado à imagem de degeneração. Sobre os artistas modernos, Hitler disse que se suas obras foram “resultado de uma experiência interior, então eles são um perigo público e devem ficar sob supervisão médica […] se era pura especulação, então deviam estar numa instituição apropriada para o engano e a fraude”.

IHU On-Line - Por que se acusava a estética modernista de ser desequilibrada? Que tipo de arte se tornou oficial do Estado nazista e como funcionou a repressão às manifestações artísticas?
Yeda Arouche - O modernismo incomodou primeiro por rejeitar as tradições do passado. O artista moderno adquirira liberdade de criação, formal e de expressão, lidando com a sensação pessoal, fazendo críticas e levantando questões. Tal postura, no mínimo, foi desconfortável para um estado centralizador que precisava sustentar uma ordem e uma união em torno de sua ideologia. Além disso, para a ótica nazista, qualquer representação fora dos padrões naturalistas seria considerada um desequilíbrio, uma degeneração.

A partir de 1933, a Liga de Combate pela Cultura Germânica propagaria a idéia de que o esforço nazista não se importava apenas com os aspectos político-econômicos, ao contrário, preocupava-se em realizar uma ampla ação cultural. Nesse sentido, calar os indesejáveis e nortear os padrões estéticos do regime, o governo proibiu a diversidade criativa e impôs o neoclassicismo como modelo a ser seguido. Promoveu algumas exposições difamatórias e ditou medidas coercitivas.
Passam a ser perseguidos todos os que pudessem ser identificados como contrários às diretrizes nacionalistas e retirados de circulação qualquer meio de disseminação de idéias vanguardistas. Hitler mandou fechar a Bauhaus, a primeira escola de design, arte e arquitetura de vanguarda (1919/1933). Muitos livros e outras publicações foram varridos do território alemão. Diretores de museus foram cassados. Artistas foram proibidos de dar aulas, de expor ou de comercializar seus trabalhos. O nazismo impôs uma verdadeira “caça às bruxas”, confiscando de galerias, de museus e de particulares, todas as obras de arte consideradas degeneradas. George Grosz pinta A bestialidade avança, em 1933, como resposta a perseguição do Terceiro Reich.

IHU On-Line - O que foi a exposição Entartete Kunst (Arte Degenerada) e quais são os principais artistas considerados “degenerados” pelo nazismo?
Yeda Arouche - A exposição Arte Degenerada foi inaugurada em Munique, no ano de 1937, como maior acontecimento da campanha contra o modernismo. Os nazistas pretendiam a total e irreversível desmoralização da arte moderna. O evento foi de grande repercussão reunindo em torno de 650 obras, selecionadas entre milhares que foram apreendidas. Tal acervo era “fruto da insanidade, imprudência, inépcia e completa degeneração”, segundo Adolf Ziegler , presidente da Câmara de Artes Plásticas e organizador do evento. Paralelamente, o governo planejou e inaugurou com grande pompa e destaque a Exibição da Grande Arte Alemã. Assim, o povo poderia bem comparar a arte “degenerada” com a arte que oficialmente espelhava o ideal de força e de pureza da raça alemã.

Guerra à “desintegração cultural”
Observa-se como curiosa a arrumação propositalmente descuidada da exposição degenerada. Tal coisa fazia parte dos planos do Reich para aumentar a estranheza e a desagrado que deveriam transmitir as obras condenadas pelo sistema. Pinturas de autoria de doentes mentais internados em hospitais alemães foram expostas junto aos quadros de artistas consagrados. Muitos títulos foram substituídos por outros mais jocosos para causar impacto negativo. Fora isso, é claro, fluía um discurso político moralizante e insultos atirados contra a estética modernista.  Nas palavras de Hitler, “de agora em diante nós iremos empreender uma guerra implacável contra os últimos remanescentes da desintegração cultural [...]. Por tudo que nós apreciamos, esses bárbaros pré-históricos da Idade da Pedra podem retornar às cavernas de seus ancestrais e lá realizar os seus rabiscos primitivos internacionais”.

A Arte Degenerada circulou pelo país, coroando o esforço de purificação de galerias e museus alemães. O empenho nazista foi um sucesso, se for considerado o expressivo número de visitantes. Mais de dois milhões de pessoas desfilaram pelas galerias para ver as obras dos desprezados, e, principalmente, a dos expressionistas alemães em grande evidência na época. Os cofres do partido também lucraram com o empenho. Muitas obras foram leiloadas, rendendo ótimos números para o ideal nazista. Algumas obras de arte que não foram vendidas destinaram-se à destruição sumária. Cerca de quatro mil pinturas, aquarelas e trabalhos de outras técnicas foram incinerados.
A exposição contou com mais de 100 artistas, destacando-se Herbert Bayer,  Max Beckmann,  Marc Chagall,  Lasar Segall,  Otto Dix, Wassily Kandinsky, Franz Marc, Georg Munch, Emil Nolde, El Lissitzky,  Paul Klee, Max Ernst,  Piet Mondrian  e George Grosz.

IHU On-Line - Após a guerra, o que aconteceu aos artistas que aderiram à arte oficial do nazismo?
Yeda Arouche - Boa parte dos artistas “degenerados” ao final da guerra tornou-se célebre. O mesmo não ocorreu com os artistas “perfeitos” que reproduziam a Alemanha “perfeita” sob a luz da eugenia e da “saudável” arte nazista. Estes últimos foram estigmatizados e caíram numa espécie de limbo, no ostracismo.

IHU On-Line - Como compreender a submissão de artistas e uso da arte pelo regime ditatorial de Hitler?
Yeda Arouche - É preciso lembrar que o nazismo não foi a única organização a usar a arte para melhor atender às suas necessidades. Por diversas vezes, a arte esteve envolvida, de uma forma ou de outra, com um ou outro tipo de poder, principalmente, os totalitários: fascismo, stalinismo, maoísmo e até o salazarismo. Anteriormente, Napoleão Bonaparte  já havia utilizado o neoclássico para oficialmente glorificar e divulgar seu desempenho político. Taunay e outros artistas franceses de sua época registraram as glórias napoleônicas: foram artistas moldados na França revolucionária, preparados para a arte a serviço do Estado. E, mesmo fugindo da ótica política, encontramos o barroco como um exemplo de estilo oficial utilizado pela “reforma” católica, conhecida por contra-reforma, que transformou igrejas em verdadeiros espaços cênicos, onde se esperava comover pessoas a fim de mantê-las fiéis a religião, em época de cisão.

Principais fontes pesquisadas:
• CHIPP, H. B. Teorias da Arte Moderna Martins Fontes, 1999
• FER, Briony e outros. Realismo, Racionalismo, Surrealismo – a arte no entre-guerras. Cosac & Naify Ed. 1998
• Revista “Aventuras na História" - Edição 47 / Julho de 2007, artigo de Sérgio Miranda
Sites:
• Museu de Arte Contemporânea/ USP: http://www.mac.usp.br/
• Enciclopédia Itaú Cultural: http://www.itaucultural.org.br

FONTE: http://www.ihuonline.unisinos.br/index.php?option=com_content&view=article&id=1963&secao=265

quarta-feira, 24 de junho de 2015

94- O Japão e o Sistema de Washington


O Japão e o Sistema de Washington

O Japão possuía uma monarquia constitucional que no período entre guerras foi encabeçada inicialmente pelo imperador Yoshihito (reinado em 1912-1926, a Era Taisho) e depois pelo imperador Hiroíto (reinado em 1926-1989, a Era Showa). Até a década de 1920, sob governos liberais, o Japão manteve relações relativamente estáveis com os EUA, a Grã-Bretanha e a França. O império colonial japonês no Extremo Oriente, que incluía a Coreia, Taiwan e territórios no norte da China, foi ampliado na Primeira Guerra Mundial quando o Japão, lutando ao lado da Entente, tomou possessões alemãs no Pacífico e na província chinesa de Shantung. A pedido dos EUA e de outros aliados, o Japão também interviu na Guerra Civil Russa contra os bolcheviques e invadiu o leste da Sibéria em 1918, só se retirando em 1922.

Com as alterações no cenário geopolítico da Ásia e do Pacífico depois de 1918, EUA, Grã-Bretanha e França propuseram ao Japão um acordo para manter a nova balança do poder no Extremo Oriente e evitar uma guerra na região. As conversações foram feitas na Conferência de Washington (1921-1922). Os acordos selados em Washington decidiram que as potências deveriam reduzir suas forças navais no Pacífico, respeitar as possessões coloniais existentes e fazer consultas entre si para resolverem pacificamente as crises que surgissem. Os participantes também reconheceram a independência da China e o direito de todas as nações negociarem com ela em termos iguais, embora tenham confirmado as concessões territoriais e econômicas dos estrangeiros. Durante a Conferência de Washington, sob intermediação dos EUA, o Japão concordou em devolver o Shantung para os chineses, preservando porém, o controle econômico da província. Em meados da década de 1920, a ordem internacional no Extremo Oriente, ao menos no que dizia respeito as grandes potências, parecia estar estabilizada.

A partir da segunda metade dos anos 20, porém, coincidindo com o início da Era Showa, essa estabilidade começou a dar sinais de ruptura. Apesar dos compromissos dos acordos de Washington, o domínio estrangeiro na China continuava, beneficiado pela fragmentação política do país e a inexistência de um governo centralizado forte. No entanto, esse governo começou a emergir no final da década de 20, quando o general Chiang Kai-shek, líder do Kuomintang (Partido Nacionalista ou KMT), inicialmente aliado ao Partido Comunista Chinês (PCC) de Mao Zedong, começou a unificar a China a partir de suas bases no sul, em uma campanha militar conhecida como Expedição do Norte (1926-1928) com o apoio decisivo da URSS, na época defensora de alianças com governos nacionalistas "burgueses" anti-imperialistas. Apesar do auxílio soviético, em 1927 Chiang rompeu a aliança com os comunistas, que considerava serem os seus maiores rivais. Em 1928, Chiang tomou Pequim e virou o governante oficial do país, instalando uma ditadura monopartidária nacionalista e anticomunista. O governo do KMT tinha se transformado na principal autoridade da China e, embora tivesse que enfrentar a resistência armada do PCC (guerra civil de 1927-1936), criou condições políticas para realizar um novo acordo internacional de revisão das concessões aos estrangeiros. Isso poderia levar a China a adquirir a plena soberania nacional mas implicaria em eliminar o que restava do domínio das potências imperialistas no país. O Japão, por ser a principal potência com interesses na China, seria o país mais prejudicado pela ascensão do KMT e sua política anti-imperialista. Para os grupos expansionistas e ultranacionalistas japoneses, representados por setores militares e empresariais, isso era intolerável. A reação desses grupos, sobretudo dos militares estacionados em território chinês, foi pressionar o governo japonês a abandonar os compromissos feitos na Conferência de Washington e adotar uma nova política mais agressiva em relação à China. Quando a Grande Depressão atingiu o Japão no final da década de 20, a situação se agravou e o domínio japonês sobre a China passou a ser visto cada vez mais como fundamental para a sobrevivência dos japoneses. Essa questão mergulhou o Japão em uma violenta crise política na primeira metade da década de 1930, com atentados contra as autoridades civis e militares de posições moderadas contrárias ao expansionismo e favoráveis a um compromisso com o Ocidente. Em 1932, os militares acabaram assumindo o controle da política japonesa, estabelecendo governos de "unidade nacional" que subordinaram o Parlamento e a monarquia aos seus interesses. Na segunda metade da década de 1930, os governos de "unidade nacional" assumiram posições mais militaristas e imperialistas, voltadas para a expansão sobre a China. Na mesma época, ganhou força um projeto imperialista mais ambicioso – a construção da "Esfera de Coprosperidade da Grande Ásia Oriental", que deveria integrar economicamente todo o Extremo Oriente ao Japão por meio da cooperação regional e do colonialismo japonês, implicando na expulsão das potências ocidentais do Sudeste Asiático e da China e dos soviéticos do Leste da Sibéria. Em 1937-1938, o Japão estabeleceu uma aliança com a Alemanha e com a Itália, consolidando a nova política externa revisionista e imperialista. O resultado foi a guerra na Ásia de 1937-1945.

 

segunda-feira, 22 de junho de 2015

93 - Roteiro de estudo


ROTEIRO DE ESTUDO

PROFESSOR MÁRCIO NUNES - HISTÓRIA DO BRASIL

A Revolução de 1930

O governo provisório de Vargas (1930-1934)

A Revolução Constitucionalista de 1932

O governo constitucional de Vargas (1934-1937)

A política trabalhista de Vargas

A AIB

FONTES DE ESTUDO

Livro Conecte 3 (Capítulo 7)

Apostila 2 (Capítulo 14)

Esquemas de aula

PROFESSOR CÁSSIO TUNES - HISTÓRIA GERAL

Primeira Guerra Mundial: as alianças, a entrada dos EUA, as revoluções na Rússia em 1917 e as consequências da guerra

Os EUA e a nova ordem internacional pós-1918: a Liga das Nações, o sistema de Versalhes e o sistema de Washington

A crise do liberalismo: motivos e características

O totalitarismo: aspectos gerais

FONTES DE ESTUDO

Esquemas do caderno

Apostila 2 ( Capítulos 9 e 11)

quarta-feira, 27 de maio de 2015

92- Americano, norte-americano ou estadunidense?


AMERICANO, NORTE-AMERICANO OU ESTADUNIDENSE?

A dúvida nos leva longe. As três formas têm adeptos no português contemporâneo – o que não quer dizer que se equivalham inteiramente – e sempre rendem discussões quentes.

Como toda discussão quente, esta costuma ignorar argumentos baseados na razão, como o de que escolher entre americano, norte-americano e estadunidense não é uma questão de certo e errado, mas uma decisão vocabular legítima tomada por cada falante. Decisões vocabulares sempre revelam algo sobre o sujeito, seu grau de informação, modo de encarar o mundo e, sim, posição política.

Americano é a forma mais comum e também a mais enraizada na história de nossa língua. De Machado de Assis a Caetano Veloso – “Americanos são muito estatísticos/ Têm gestos nítidos e sorrisos límpidos” – existe uma tradição cultural séria a legitimar americano como termo preferencial para designar o que se refere aos Estados Unidos no português brasileiro.

Sempre houve quem se incomodasse com isso, por acreditar que essa escolha aparentemente inocente trazia embutida uma concordância com o sequestro que os conterrâneos de John Wayne fizeram de termos mágicos – América, americanos – que deveriam ser propriedade de todo o Novo Mundo. Os brasileiros também somos, assim como argentinos, venezuelanos e tobaguianos, americanos, certo? Claro que está certo.

Assim, de um impulso nacionalista ou continentalista, surgiram dois subgrupos, o que prefere norte-americano e o que opta por estadunidense. É provável que estadunidense – que já foi a terceira opção dos brasileiros e é a que contém maiores dosagens de antiamericanismo – tenha conquistado o segundo lugar durante o pesadelo dos oito anos de George W. Bush.

O problema é que o principal argumento contra o uso de americano – o de que o termo está “errado” porque quer dizer tudo o que se refere às três Américas – é ingênuo. Americano quer dizer as duas coisas. Assim como mineiro pode designar tanto um trabalhador em minas, seja ele búlgaro ou cearense, quanto um natural do estado de Minas Gerais, e o contexto resolve qualquer possível ambigüidade. Isso não é argumento. E ainda que fosse, norte-americano sofreria do mesmo problema, o de excluir canadenses e – dependendo da classificação – mexicanos de um termo que deveria incluí-los por força de geografia e história.

Quanto a estadunidense, bem, aqui a questão é política, ponto. Por que logo eles, os americanos, teriam o direito de usar como emblema, medalha azul-vermelha-e-branca no peito, a sonoridade de América? Se nós também somos América e temos até uma Iracema, isso não seria pura pilhagem cultural, muque colonialista, arrogância ianque?

É claro que se pode pensar assim, e de certa forma foi isso mesmo que ocorreu. Mas o fato cru é que, quando grande parte do mundo estava sendo redividido e rebatizado, os caras foram espertos no trabalho de branding. Correram logo ao cartório mundial com o bebê no colo e assimilaram – se não a América-coisa, que é obviamente inassimilável – pelo menos a palavra América e uma ideia de América. São os Estados Unidos da América como nós já fomos os Estados Unidos do Brasil. Ninguém nos chamava de estadunidenses na época.

Paciência, então? Isso vai de cada um. Minha paciência é menor com episódios de gato-mestrismo linguístico – “você está errado por falar como todo mundo, eu e uns poucos outros é que estamos certos” – do que com os Estados Unidos da América, sobretudo na era Obama. No fim das contas, bastaria o pernosticismo da palavra estadunidense para me indispor contra ela.

Prefiro outra posição: a de que, do ponto de vista da língua, não existe certo ou errado aqui. Assim como a mandioca também pode ser, por questões regionais, chamada de aipim ou macaxeira, os termos americano, norte-americano e estadunidense são opções vocabulares à disposição do falante de português. Mas convém saber aquilo que cada um realmente implica antes de sair brandindo argumentos furados de autoridade.

Sérgio Rodrigues in http://veja.abril.com.br/blog/sobre-palavras/consultorio/americano-norte-americano-ou-estadunidense/